segunda-feira, 28 de maio de 2012

Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez

Mirlene Ferreira Macedo Damázio
Pessoa com Surdez
Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva
Ministério da Educação
Fernando Haddad
Secretário de Educação a Distância
Ronaldo Mota
Secretária de Educação Especial
Cláudia Pereira Dutra
SEESP / SEED / MEC
Brasília/DF – 2007
Formação Continuada a Distância
de Professores para o
Atendimento Educacional Especializado
Pessoa com Surdez
F
icha Técnica
S
ecretário de Educação a Distância
Ronaldo Mota
D
iretor do Departamento de Políticas de Educação a Distância
Helio Chaves Filho

C
oordenadora Geral de Avaliação e Normas em Educação a
Distância
Maria Suely de Carvalho Bento
C
oordenador Geral de Articulação Institucional em
Educação a Distância
Webster Spiguel Cassiano
S
ecretária de Educação Especial
Cláudia Pereira Dutra
D
epartamento de Políticas de Educação Especial
Cláudia Maffi ni Griboski
C
oordenação Geral de Articulação da Política de Inclusão
Denise de Oliveira Alves
C
oordenação do Projeto de Aperfeiçoamento de
Professores dos Municípios-Polo do Programa
“Educação Inclusiva; direito à diversidade” em
Atendimento Educacional Especializado
Cristina Abranches Mota Batista
Edilene Aparecida Ropoli
Maria Teresa Eglér Mantoan
Rita Vieira de Figueiredo
A
utora deste livro: Atendimento Educacional
Especializado para Pessoas com Surdez
Mirlene Ferreira Macedo Damázio
P
rojeto Gráfi co
Cícero Monteferrante - monteferrante@hotmail.com
R
evisão
Adriana A. L. Scrok
I
mpressão e Acabamento
Gráfi ca e Editora Cromos - Curitiba - PR - 41 3021-5322
I
lustrações
Alunos e professores da
Fundação Conviver para Ser - Uberlândia - Minas Gerais
Marcus Vinícius Silva (13 anos)
Maria Clara Souza Freitas (14 anos)
Mariana Oliveira Gomes (12 anos)
Paulo Alberto Fontes Rocha (14 anos)
Wesley Alonso de Oliveira (21 anos)
Danilo Rischiteli Bragança Silva - Professor em Libras
Elaine Cristina B. de Paula Bragança - Instrutora de Libras
Fabíola da Costa Soares - Professora de Língua Portuguesa
I
lustrações da capa
Alunos da APAE de Contagem - Minas Gerais
Alef Aguiar Mendes (12 anos)
Felipe Dutra dos Santos (14 anos)
Marcela Cardoso Ferreira (13 anos)
Rafael Felipe de Almeida (13 anos)
Rafael Francisco de Carvalho (12 anos)
O Ministério da Educação desenvolve a política de educação inclusiva que pressupõe a
transformação do Ensino Regular e da Educação Especial e, nesta perspectiva, são implementadas diretrizes
e ações que reorganizam os serviços de Atendimento Educacional Especializado oferecidos aos alunos com
deficiência visando a complementação da sua formação e não mais a substituição do ensino regular.
Com este objetivo a Secretaria de Educação Especial e a Secretaria de Educação a Distância
promovem o curso de Aperfeiçoamento de Professores  para o Atendimento Educacional Especializado,
realizado em uma ação conjunta com a Universidade Federal do Ceará, que efetiva um amplo projeto de
formação continuada de professores por meio do programa Educação Inclusiva: direito à diversidade.
Incidindo na organização dos sistemas de ensino o projeto orienta o Atendimento Educacional
Especializado nas salas de recursos multifuncionais em turno oposto ao freqüentado nas turmas comuns
e possibilita ao professor rever suas práticas à luz dos novos referenciais pedagógicos da inclusão.
O curso desenvolvido na modalidade a distância, com ênfase nas áreas da deficiência física,
sensorial e mental, está estruturado para:
-  trazer o contexto escolar dos professores para o foco da discussão dos novos referenciais para
a inclusão dos alunos;
-  introduzir conhecimentos que possam fundamentar os professores  na reorientação das suas
práticas de Atendimento Educacional Especializado;
-  desenvolver aprendizagem participativa e colaborativa necessária para que possam ocorrer
mudanças no Atendimento Educacional Especializado.
Nesse sentido, o curso oferece fundamentos básicos para os professores do Atendimento
Educacional Especializado que atuam nas escolas públicas e garante o apoio aos 144 municípios-pólo
para a implementação da educação inclusiva.
CLAUDIA PEREIRA DUTRA
Secretária de Educação Especial
ão  desenvolve a política  de educação inclusiva que pressupõe a
da Educação Especial e, nesta perspectiva, são implementadas diretrizes
dd d l ldfd l
PREF˘CIO PREF˘CIO
A
educação escolar do aluno com surdez é um desafio que estamos demonstrando, por meio
do trabalho de uma escola que abraçou a inclusão, sem restrições e incondicionalmente.
O
que transparece na sua
apresentação são as
possibilidades de os
alunos com surdez aprenderem nas
turmas comuns de ensino regular,
tendo a retaguarda do Atendimento
Educacional Especializado – AEE.
E
sse atendimento é explicitado
detalhadamente e nos faz
conhecer o que se propõe
para quebrar barreiras lingüísticas e
pedagógicas que interferem na inclusão
escolar dos alunos com surdez.
Coordenação do Projeto.
ar do aluno com surdez é um desafio que estamos demonstrando, por meio
APRESENTAÇ‹O APRESENTAÇ‹O
SUM˘RIO SUM˘RIO
CAP¸TULO I
EDUCAÇ‹O ESCOLAR INCLUSIVA PARA PESSOAS COM SURDEZ  ............................................................ 13
  Para saber mais... .................................................................................................................................................................  16
CAP¸TULO II
TEND¯NCIAS SUBJACENTES ¤ EDUCAÇ‹O DAS PESSOAS COM SURDEZ ............................................... 19
  Para saber mais... .................................................................................................................................................................  22
CAP¸TULO III
O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO PARA OS ALUNOS
COM SURDEZ: UMA PROPOSTA INCLUSIVA .....................................................................................................  25
  Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado em Libras na Escola Comum ............................. 26
  Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado para o ensino de Libras ................................. .......  32
  Momento Didático-Pedagógico: O Atendimento Educacional Especializado para o ensino da Língua Portuguesa .................  38
  Para saber mais... .................................................................................................................................................................  46
CAP¸TULO IV
O PAPEL DO INTÉRPRETE ESCOLAR ...................................................................................................................  49
  Para saber mais... .................................................................................................................................................................  52

1313
Capítulo I - Educação Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez
E
studar a educação escolar das pessoas com
surdez nos reporta não só a questões
referentes aos seus limites e possibilidades,
como também aos preconceitos existentes nas
atitudes da sociedade para com elas.
1
As pessoas com surdez enfrentam inúmeros
entraves para participar da educação escolar,
decorrentes da perda da audição e da forma como se
estruturam as propostas educacionais das escolas.
Muitos alunos com surdez podem ser prejudicados
pela falta de estímulos adequados ao seu potencial
cognitivo, sócio-afetivo, lingüístico e político-cultural
e ter perdas consideráveis no desenvolvi-mento da
aprendizagem.
Estudos realizados na última década do
século XX e início do século XXI, por diversos
autores e pesquisadores oferecem contribuições à
educação de alunos com surdez na escola comum
ressaltando a valorização das diferenças no convívio
1  Doravante deve-se entender o uso do termo pessoa com surdez
como uma forma de nos reportamos a pessoas com uma deficiência
auditiva, independente do grau da sua perda sensorial.
social e o reconhecimento do potencial de cada ser
humano. Poker (2001) afirma que as trocas
simbólicas provocam a capacidade representativa
desses alunos, favorecendo o desenvolvimento do
pensamento e do conhecimento, em ambientes
heterogêneos de aprendizagem. No entanto, existem
posições contrárias à inclusão de alunos com surdez
nas turmas comuns, em decorrência da compreensão
Educação Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez Educação Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez
1
1414
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
das formas de representação da surdez como
incapacidade ou das propostas pedagógicas
desenvolvidas tradicio-nalmente para atendê-las que
não consideram a diversidade lingüística.  Conforme
Skliar (1999) alegam que o modelo excludente da
Educação Especial está sendo substituído por outro,
em nome da inclusão que não respeita a identidade
surda, sua cultura, sua comunidade.
Estas questões geram polêmica entre
muitos estudiosos, profissionais, familiares e entre
as próprias pessoas com surdez. Àqueles que
defendem a cultura, a identidade e a comunidade
surda apóiam-se no discurso das diferenças, alegando
que elas precisam ser compreendidas nas suas
especificidades, porém, pode-se cair na cilada da
diferença, como refere Pierucci (1999), que em nome
da diferença, pode-se também segregar.
Diante desse quadro situacional, o
importante é buscar nos confrontos promovidos na
relação entre as diferenças, novos caminhos para a
vida em coletividade, dentro e fora das escolas e,
sendo assim, como seria atuar com alunos com
surdez, em uma escola comum que reconhece e
valoriza as diferenças? Que processos curriculares e
pedagógicos precisam ser criados para atender a essa
diferença, considerando a escola aberta para todos
e, portanto, verdadeiramente inclusiva?
Não se trata de trocar a escola excludente
especial, por uma escola excludente comum. Ocorre
que alguns discursos e práticas educacionais ainda
não conseguiram, responder às questões acima
formuladas, mantendo os processos de normalização
das pessoas com surdez.
A inclusão do aluno com surdez deve
acontecer desde a educação infantil até a educação
superior, garantindo-lhe, desde cedo, utilizar os
recursos de que necessita para superar as barreiras
no processo educacional e usufruir seus direitos
escolares, exercendo sua cidadania, de acordo com
os princípios constitucionais do nosso país.
 A inclusão de pessoas com surdez na
escola comum requer que se busquem meios para
beneficiar sua participação e aprendizagem tanto
na sala de aula como no Atendimento Educacional
Especializado. Conforme Dorziat (1998), o
aperfeiçoamento da escola comum em favor de
todos os alunos é primordial. Esta autora observa
que os professores precisam conhecer e usar a Língua
de Sinais, entretanto, deve-se considerar que a
simples adoção dessa língua não é suficiente para
escolarizar o aluno com surdez. Assim, a escola
comum precisa implementar ações que tenham
sentido para os alunos em geral e que esse sentido
possa ser compartilhado com os alunos com surdez.
Mais do que a utilização de uma língua, os alunos
com surdez precisam de ambientes educacionais
estimuladores, que desafiem o pensamento,
explorem suas capacidades, em todos os sentidos.
Se somente o uso de uma língua bastasse
para aprender, as pessoas ouvintes não teriam
problemas de aproveitamento escolar, já que entram
na escola com uma língua oral desenvolvida. A
1515
Capítulo I - Educação Escolar Inclusiva para Pessoas com Surdez
aquisição da Língua de Sinais, de fato, não é garantia
de uma aprendizagem significativa, como  mostrou
Poker (2001), quando trabalhou com seis alunos com
surdez profunda que se encontravam matriculados
na primeira etapa do Ensino Fundamental, com
idade entre oito anos e nove meses e 11 anos e nove
meses, investigando, por meio de intervenções
educacionais, as trocas simbólicas e o desenvolvimento
cognitivo desses alunos.
Segundo esta autora, o ambiente em que a
pessoa com surdez está inserida, principalmente o
da escola, na medida em que não lhe oferece
condições para que se estabeleçam trocas simbólicas
com o meio físico e social, não exercita ou provoca
a capacidade representativa dessas pessoas,
conseqüentemente, compromete o desenvolvimento
do pensamento. A pesquisadora constatou que nesse
caso, a natureza do problema cognitivo da pessoa
com surdez está relacionado à:
[...] deficiência da trocas simbólicas, ou seja, o
meio escolar não expõe esses alunos a solicitações
capazes de exigir deles coordenações mentais cada
vez mais elaboradas, que favorecerão o mecanismo
da abstração reflexionante e conseqüentemente, os
avanços cognitivos (POKER, 2001: 300).
Considerando a necessidade do
desenvolvimento da capacidade representativa e
lingüística dos alunos com surdez, a escola comum
deve viabilizar sua escolarização em um turno e o
Atendimento Educacional Especializado em outro,
contemplando o ensino de Libras, o ensino em Libras
e o ensino da Língua Portuguesa.
Ao optar-se em oferecer uma educação bilíngüe, a
escola está assumindo uma política lingüística em
que duas línguas passarão a co-existir no espaço
escolar. Além disso, também será definido qual
será a primeira língua e qual será a segunda língua,
bem como as funções em que cada língua irá
representar no ambiente escolar. Pedagogicamente,
a escola vai pensar em como estas línguas estarão
acessíveis às crianças, além de desenvolver as
demais atividades escolares. As línguas podem
estar permeando as atividades escolares ou serem
objetos de estudo em horários específicos
dependendo da proposta da escola. Isso vai
depender de „como‰, „onde‰, e „de que forma‰ as
crianças utilizam as línguas na escola. (MEC/
SEESP, 2006)
Inúmeras polêmicas têm se formado em
torno da educação escolar para pessoas com surdez. A
proposta de educação escolar inclusiva é um desafio,
que para ser efetivada faz-se necessário considerar que
os alunos com surdez têm direito de acesso ao
conhecimento, à acessibilidade, bem como ao
Atendimento Educacional Especializado. Conforme
Bueno (2001:41), é preciso ultrapassar a visão que
reduz os problemas de escolarização das pessoas com
surdez ao uso desta ou daquela língua, mas sim de
ampliá-la para os campos sócio políticos.
1616
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
Para saber mais...... Para saber mais......
BRASIL, Ministério Público Federal. O acesso de alunos
com deficiência às escolas e classes comuns da rede
regular. Eugênia Augusta G. Fávero; Luisa de Marillac
P. Pantoja; Maria Teresa Eglér Mantoan. Brasília:
Procuradoria Federal dos direitos do cidadão, 2004.
BUENO, José Geraldo Silveira. Diversidade, deficiência
e educação. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nº
12, p. 3-12, julho-dezembro, 1999.
_______. Educação inclusiva e escolarização dos
surdos. Revista Integração. Brasília: MEC. nº 23, p. 37-42, Ano 13, 2001
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Educação
Escolar Inclusiva das Pessoas com Surdez na Escola
Comum: Questões Polêmicas e Avanços
Contemporâneos. In: II Seminário Educação Inclusiva:
Direito à Diversidade, 2005, Brasília. Anais... Brasília:
MEC, SEESP, 2005.  p.108 - 121.   
_________. Educação Escolar de Pessoa com Surdez:
uma proposta inclusiva. Campinas: Universidade
Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de
Doutorado.
DORZIAT, Ana. Democracia na escola: bases para
igualdade de condições surdos-ouvintes. Revista Espaço.
Rio de Janeiro: INES. nº 9, p. 24 -29, janeiro-junho,1998.
PIERUCCI, Antonio Flávio. Ciladas da diferença. São
Paulo: Editora 34, 1999.
POKER, Rosimar Bortolini. Troca simbólica e
desenvolvimento cognitivo em crianças surdas: uma
proposta de intervenção educacional. UNESP, 2001.
363p. Tese de Doutorado.
SKLIAR, Carlos(org.). Atualidade da educação bilíngüe
para surdos.  Porto Alegre: Mediação, 1999. 2 v.
CAP¸TULO II
Capítulo II - Tendências Subjacentes à Educação das Pessoas com Surdez
1919
Tendências Subjacentes à Educação das Pessoas  Tendências Subjacentes à Educação das Pessoas
com Surdez com Surdez
A
s tendências  de educação escolar para
pessoas com surdez centram-se ora na
inserção desses alunos na escola comum
e/ou em suas classes especiais, ora na escola
especial de surdos. Existem três tendências
educacionais: a oralista, a comunicação total e a
abordagem por meio do bilingüismo.
As escolas comuns ou especiais, pautadas
no  oralismo , visam à capacitação da pessoa
com surdez para que possa utilizar a língua da
comunidade ouvinte na modalidade oral, como
única possibilidade lingüística, de modo que seja
possível o uso da voz e da leitura labial, tanto
na vida social, como na escola. O oralismo, não
conseguiu atingir resultados satisfatórios, porque,
de acordo com Sá (1999), ocasiona  déficits 
cognitivos, legitima a manutenção do fracasso
escolar, provoca dificuldades no relacionamento
familiar, não aceita o uso da Língua de Sinais,
discrimina a cultura surda e nega a diferença entre
surdos e ouvintes.
Já a  comunicação total  considera as
características da pessoa com surdez utilizando todo
e qualquer recurso possível para a comunicação, a fim
de potencializar as interações sociais, considerando
as áreas cognitivas, lingüísticas e afetivas dos alunos.
Os resultados obtidos com a  comunicação total 
são questionáveis quando observamos as pessoas
com surdez frente aos desafios da vida cotidiana. A
linguagem gestual visual, os textos orais, os textos
escritos e as interações sociais que caracterizam a
comunicação total  parecem não possibilitar um
desenvolvimento satisfatório e esses alunos continuam
segregados, permanecendo agrupados pela deficiência,
marginalizados, excluídos do contexto maior da
sociedade. Esta proposta, segundo Sá (1999), não dá
o devido valor a Língua de Sinais, portanto, pode-se
dizer que é uma outra feição do oralismo.
Os dois enfoques, oralista e da
comunicação total, negam a língua natural
das pessoas com surdez e provocam perdas
consideráveis nos aspectos cognitivos, sócio-afetivos, lingüísticos, político culturais e na
aprendizagem desses alunos. A comunicação
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
2020
total, em favor da modalidade oral, por exemplo,
usava o Português sinalizado e desfigurava a rica
estrutura da Língua de Sinais.
Por outro lado, a abordagem educacional
por meio do bilingüismo visa capacitar a pessoa
com surdez para a utilização de duas línguas no
cotidiano escolar e na vida social, quais sejam:
a Língua de Sinais e a língua da comunidade
ouvinte. As experiências escolares, de acordo com
essa abordagem, no Brasil, são muito recentes e
as propostas pedagógicas nessa linha ainda não
estão sistematizadas. Acrescenta-se a essa situação,
a existência de trabalhos equivocados, ou seja,
baseados em princípios da comunicação total, mas
que são divulgados como trabalhos baseados na
abordagem por meio do bilingüismo. 
De fato, existem poucas publicações
científicas sobre o assunto, há falta de professores
bilíngües, os currículos são inadequados e os
ambientes bilíngües, quase inexistentes. Não se
podem descartar também outros fatores, tais como:
dificuldade para se formar professores com surdez
num curto período de tempo; a presença de um
segundo professor de Língua Portuguesa para
os alunos surdos e; a falta de conhecimento a
respeito do bilingüismo. As propostas educacionais
dessa natureza começam a estruturar-se a partir
do Decreto 5.626/05 que regulamentou a lei de
Libras. Esse Decreto prevê a organização de turmas
bilíngües, constituídas por alunos surdos e ouvintes
onde as duas línguas, Libras e Língua Portuguesa
são utilizadas no mesmo espaço educacional.
Também define que para os alunos com surdez a
primeira língua é a Libras e a segunda é a Língua
Portuguesa na modalidade escrita, além de orientar
para a formação inicial e continuada de professores
e formação de intérpretes para a tradução e
interpretação da Libras e da Língua Portuguesa.
Contrariando o modelo de integração
escolar, que concebe o aluno com surdez, a partir
dos padrões dos ouvintes, desconsiderando a
necessidade de serem feitas mudanças estruturais e
pedagógicas nas escolas para romper com as
barreiras que se interpõem entre esse aluno e o
ensino, as propostas de atendimento a alunos com
surdez, em escolas comuns devem respeitar as
especificidades e a forma de aprender de cada um,
não impondo condições à inclusão desses alunos
no processo de ensino e aprendizagem.
Também, a escola especial é segregadora,
pois os alunos isolam-se cada vez mais, ao serem
excluídos do convívio natural dos ouvintes.
Há entraves nas relações sociais, afetivas e de
comunicação, fortalecendo cada vez mais os
preconceitos.
Segundo alguns professores, é mais fácil
ensinar em classes especiais das escolas comuns, pois,
essas classes além do agrupamento ser constituído
apenas por alunos com surdez, a comunicação e
a metodologia de ensino da língua escrita e oral
são as mesmas para todos. Entretanto nessas classes
os alunos com surdez não têm sido igualmente
beneficiados na aprendizagem.
Capítulo II - Tendências Subjacentes à Educação das Pessoas com Surdez
2121
As posições contrárias à inclusão de alunos
com surdez tomam como referência modelos que se
dizem “inclusivos” mas, na verdade, não alteram
suas práticas pedagógicas no que se refere às
condições de acessibilidade, em especial às relativas
às comunicações.
É preciso fazer a leitura desse movimento
político cultural e educacional, procurando
esclarecer os equívocos existentes, visando apontar
soluções para os seus principais desafios. 
Deflagram-se atualmente, debates sobre a
comunidade surda, sua cultura e sua identidade.
Essas questões são polêmicas e, quando analisadas
pelos antropólogos, sociólogos, filósofos e
professores, levam a interpretações conceituais,
provocando divergências relacionadas à indicação
de procedimentos escolares.
Grande parte dos pesquisadores e
estudiosos da cultura surda têm se apropriado da
concepção de diferença cultural, defendendo uma
cultura surda e uma cultura ouvinte o que fortalece
a dicotomia surdo/ouvinte (Bueno, 1999).
A desafio frente à aprendizagem da Língua
Portuguesa é uma questão escolar importante. A
Língua Portuguesa é difícil de ser assimilada pelo
aluno com surdez. Segundo Perlin (1998:56), os
surdos não conseguem dominar os signos dos
ouvintes, por exemplo, a epistemologia de uma
palavra, sua leitura e sua escrita. De fato, existem
dificuldades reais da pessoa com surdez para
adquirir a oralidade e a escrita, porém, dizer que não
são capazes de aprendê-la reduz totalmente a pessoa
ao seu  déficit e não considera a precariedade das
práticas de ensino disponíveis para esse aprendizado.
Há, pois, urgência de ações educacionais escolares
que favoreçam o desenvolvimento e a aprendizagem
escolar das pessoas com surdez.
A Língua de Sinais é, certamente, o
principal meio de comunicação entre as pessoas
com surdez. Contudo, o uso da Língua de Sinais
nas escolas comuns e especiais, por si só, resolveria
o problema da educação escolar das pessoas com
surdez? Não seria necessário o domínio de outros
saberes que lhes garantam, de fato, viver, produzir,
tirar proveito dos bens existentes, no mundo em
que vivemos?
As práticas pedagógicas constituem o
maior problema na escolarização das pessoas com
surdez. Torna-se urgente, repensar essas práticas
para que os alunos com surdez, não acreditem que
suas dificuldades para o domínio da leitura e da
escrita são advindas dos limites que a surdez lhes
impõe, mas principalmente pelas metodologias
adotadas para ensiná-los.
Neste sentido, é necessário fazer uma
ação-reflexão-ação permanente a acerca deste tema,
visando à inclusão escolar das pessoas com surdez,
tendo em vista a sua capacidade de freqüentar e
aprender em escolas comuns, contra o discurso
da exclusão escolar e a favor de novas práticas
educacionais na escola comum brasileira.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
2222
Para saber mais... Para saber mais...
BUENO, José Geraldo Silveira. Diversidade, deficiência
e educação.  Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª
12, pp. 3-12, julho/dezembro, 1999.
FARIA, Mirlene Ferreira Macedo. Rendimento Escolar
dos Portadores de Surdez na Escola Regular em Classe
Comum do Ensino Fundamental . Espanha:
Universidade de Salamanca, 1997. 148 p. Dissertação
de Mestrado.
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo.  Educação
Escolar de Pessoa com Surdez: uma proposta inclusiva. 
Campinas: Universidade Estadual de Campinas, 2005.
117 p. Tese de Doutorado.
PERLIN, Gladis T.T. „Identidades Surdas‰. IN: SKLIAR,
Carlos (Org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças.
Porto Alegre: Mediação, 1998.
Pólen-Núcleo de Estudo, Pesquisa e Apoio em Pedagogia
e Diferença Humana:  diferença humana em questão :
Cadernos Unit/Mirlene Ferreira Macedo Damázio
(Org.). V. 2. (2004), Uberlândia: UNITRI, 2004.
SÁ, Nídia Regina Limeira de.  Educação de Surdos: a
caminho do bilingüismo. Niterói: Eduff, 1999.
CAP¸TULO III
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
2525
O
trabalho pedagógico com os alunos
com surdez nas escolas comuns, deve ser
desenvolvido em um ambiente bilíngüe,
ou seja, em um espaço em que se utilize a Língua de
Sinais e a Língua Portuguesa. Um período adicional
de horas diárias de estudo é indicado para a execução
do Atendimento Educacional Especializado. Nele
destacam-se três momentos didático-pedagógicos:
•  Momento do Atendimento Educacional
Especializado em Libras na escola
comum, em que todos os conhecimentos
dos diferentes conteúdos curriculares, são
explicados nessa língua por um professor,
sendo o mesmo preferencialmente surdo.
Esse trabalho é realizado todos os dias, e
destina-se aos alunos com surdez.
•  Momento do Atendimento Educacional
Especializado para o ensino de Libras na
escola comum, no qual os alunos com
surdez terão aulas de Libras, favorecendo
o conhecimento e a aquisição,
principalmente de termos científicos. Este
trabalhado é realizado pelo professor e/
ou instrutor de Libras (preferencialmente
surdo), de acordo com o estágio de
desenvolvimento da Língua de Sinais em
que o aluno se encontra. O atendimento
deve ser planejado a partir do diagnóstico
do conhecimento que o aluno tem a
respeito da Língua de Sinais.
•  Momento do Atendimento Educacional
Especializado para o ensino da Língua
Portuguesa, no qual são trabalhadas as
especificidades dessa língua para pessoas
com surdez. Este trabalho é realizado
todos os dias para os alunos com surdez,
à parte das aulas da turma comum, por
uma professora de Língua Portuguesa,
graduada nesta área, preferencialmente. O
atendimento deve ser planejado a partir do
diagnóstico do conhecimento que o aluno
tem a respeito da Língua Portuguesa.
O Atendimento Educacional Especializado para os  O Atendimento Educacional Especializado para os
Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
2626
O planejamento do Atendimento Educacional
Especializado é elaborado e desenvolvido conjuntamente
pelos professores que ministram aulas em Libras, professor
de classe comum e professor de Língua Portuguesa para
pessoas com surdez. O planejamento coletivo inicia-se com
a definição do conteúdo curricular, o que implica que os
professores pesquisem sobre o assunto a ser ensinado. Em
seguida, os professores elaboram o plano de ensino. Eles
preparam também os cadernos de estudos do aluno, nos
quais os conteúdos são inter-relacionados.
No planejamento para as aulas em Libras, há
que se fazer o estudo dos termos científicos do conteúdo a
ser estudado, nessa língua. Cada termo é estudado, o que
amplia e aprofunda o vocabulário.
Na seqüência, todos os professores
selecionam e elaboram os recursos didáticos para o
Atendimento Educacional Especializado em Libras
e em Língua Portuguesa, respeitando as diferenças
entre os alunos com surdez e os momentos didático-pedagógicos em que serão utilizados.
Os alunos com surdez são observados por todos
os profissionais que direta ou indiretamente trabalham
com eles. Focaliza-se a observação nos seguintes aspectos:
sociabilidade, cognição, linguagem (oral, escrita, viso-espacial), afetividade, motricidade, aptidões, interesses,
habilidades e talentos. Registram-se as observações
iniciais em relatórios, contendo todos os dados colhidos
ao longo do processo e demais avaliações relativas ao
desenvolvimento do desempenho de cada um.
São apresentados a seguir três momentos
didático-pedagógicos do Atendimento Educacional
Especializado.
Momento Didático-Pedagógico:  Momento Didático-Pedagógico:
O Atendimento Educacional  O Atendimento Educacional
Especializado em Libras na Escola  Especializado em Libras na Escola
Comum Comum
Este atendimento constitui um dos
momentos didático-pedagógicos para os alunos com
surdez incluídos na escola comum. O atendimento
ocorre diariamente, em horário contrário ao das aulas,
na sala de aula comum.
A organização didática desse espaço de
ensino implica o uso de muitas imagens visuais e de
todo tipo de referências que possam colaborar para o
aprendizado dos conteúdos curriculares em estudo,
na sala de aula comum.
Os materiais e os recursos para esse fim
precisam estar presentes na sala de Atendimento
Educacional Especializado, quais sejam: mural de
avisos e notícias, biblioteca da sala, painéis de gravuras
e fotos sobre temas de aula, roteiro de planejamento,
fichas de atividades e outros.
Na escola comum, é ideal que haja professores
que realizem esse atendimento, sendo que os mesmos
precisam ser formados para ser professor e ter pleno
domínio da Língua de Sinais. O Professor em Língua
de Sinais, ministra aula utilizando a Língua de Sinais
nas diferentes modalidades, etapas e níveis de ensino
como meio de comunicação e interlocução.
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
2727
Professor, explorando conteúdo curricular sobre
civilizações antigas com recursos específicos em
Libras para alunos com surdez
O planejamento do Atendimento
Educacional Especializado em Libras é feito
pelo professor especializado, juntamente com os
professores de turma comum e os professores de
Língua Portuguesa, pois o conteúdo deste trabalho é
semelhante ao desenvolvido na sala de aula comum.
Professor, ex plorando conteúdo curricular sobre
Professor explorando o conteúdo curricular
sobre o universo e o movimento do sistema
solar com recursos diversos para os alunos
com surdez
Professor explorando com o aluno com surdez
o conteúdo curricular sobre o município de
Uberlândia com recursos específicos em Libras
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
2828
Professor ministrando aula em Língua
de Sinais dos conteúdos curriculares
oficiais
P
d
o
Professor explicando termos
científicos do contexto em estudo e
dos conteúdos curriculares oficiais
em Língua de Sinais
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
2929
O Atendimento Educacional Especializado
em Libras fornece a base conceitual dessa língua e
do conteúdo curricular estudado na sala de aula
comum, o que favorece ao aluno com surdez a
compreensão desse conteúdo. Nesse atendimento
há explicações das idéias essenciais dos conteúdos
estudados em sala de aula comum. Os professores
utilizam imagens visuais e quando o conceito é muito
abstrato recorrem a outros recursos, como o teatro,
por exemplo. Os recursos didáticos utilizados na sala
de aula comum para a compreensão dos conteúdos
curriculares são também utilizados no Atendimento
Educacional Especializado em Libras.
Ilustramos, por meio de fotos, alguns
recursos didático-pedagógicos utilizados:
Alunos com surdez no Atendimento Educacional
Especializado em Libras
Alunos com surdez no Atendimento Educacional
Alunos explorando
maquetes dos
conteúdos
curriculares sobre
historicidade
Professor explorando conteúdos curriculares em Libras
com os devidos recursos didáticos
Maquetes sobre o conteúdo em estudo
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
3030
Maquete sobre a antiguidade oriental clássica
Maquete sobre trânsito
Recursos pedagógicos para estudo dos sólidos
geométricos
Recursos pedagógicos para o estudo do sistema de
numeração decimal e operações matemáticas
Recursos pedagógicos para estudo dos sólidos
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
3131
Caderno de estudo do aluno com surdez
Caixas de fotos e gravuras
usadas na sala de Atendimento
Educacional Especializado
Ca
us
Ed
No decorrer do Atendimento Educacional
Especializado em Libras, os alunos se interessam,
fazem perguntas, analisam, criticam, fazem
analogias, associações diversas entre o que sabem e
os novos conhecimentos em estudo.
Os professores neste atendimento
registram o desenvolvimento que cada aluno
apresenta, além da relação de todos os conceitos
estudados, organizando a representação deles
em forma de desenhos e gravuras, que ficam no
caderno de registro do aluno.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
3232
Momento Didático-Pedagógico:  Momento Didático-Pedagógico:
O Atendimento Educacional  O Atendimento Educacional
Especializado para o ensino de Libras Especializado para o ensino de Libras
Este atendimento constitui outro
momento didático-pedagógico para os alunos
com surdez incluídos na escola comum. O
atendimento inicia com o diagnóstico  do aluno
e ocorre diariamente, em horário contrário ao das
aulas, na sala de aula comum. Este trabalhado é
realizado pelo professor e/ou instrutor de Libras
(preferencialmente surdo), de acordo com o estágio
de desenvolvimento da Língua de Sinais em que
o aluno se encontra. O atendimento deve ser
planejado a partir do diagnóstico do conhecimento
que o aluno tem a respeito da Língua de Sinais.
O professor e/ou instrutor de Libras
organiza o trabalho do Atendimento Educacional
Especializado, respeitando as especificidades
dessa língua, principalmente o estudo dos termos
científicos a serem introduzidos pelo conteúdo
curricular. Eles procuram os sinais em Libras,
investigando em livros e dicionários especializados,
internet ou mesmo entrevistando pessoas adultas
com surdez, considerando o seguinte:
•  Caso não existam sinais para designar
determinados termos científicos, os
professores de Libras analisam os
termos científicos do contexto em
estudo, procurando entendê-los, a partir
das explicações dos demais professores
de áreas específicas (Biologia, História,
Geografia e dentre outros);
• Avaliam a criação dos termos
científicos em Libras, a partir da
estrutura lingüística da mesma, por
analogia entre conceitos já existentes,
de acordo com o domínio semântico
e/ou por empréstimos lexicais;
• Os termos científicos em sinais são
registrados, para serem utilizados nas
aulas em Libras.
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
3333
Professores analisando conceitos dos termos
científicos em Língua de Sinais
Criação de sinais para termos  Criação de sinais para termos
científicos. científicos.
P
c
Professores estudando os termos científicos
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
3434
Professores expressando e
desenhando os sinais
Pr
de
Professores criando o sinal
do termo científico
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
3535
Sinal criado para expressar a idéia do
termo civilização
l i d idéi d
Sinal criado para
expressar a idéia
do termo papiro
A organização didática desse espaço
de ensino implica o uso de muitas imagens
visuais e de todo tipo de referências que possam
colaborar para o aprendizado da Língua de
Sinais. Os materiais e os recursos para esse fim
precisam estar presentes na sala de Atendimento
Educacional Especializado e respeitar as
necessidades didático-pedagógicas para o ensino
de língua.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
3636
Caderno de registro de  Caderno de registro de
Língua de Sinais. Língua de Sinais.
Colagem de gravura realizada por aluno com surdez demonstrando
a sua compreensão do termo representado em Libras
Desenho realizado por aluno com surdez, demonstrando a
compreensão do termo representado pelo sinal em Libras
Col m d r r r li z d por l no om rd z d mon tr ndo
Dese nhoreal iz ad o poral uno com su rd ez de monstrandoa
Professor explicando um conteúdo curricular
de Libras, por meio de imagens
Os alunos recorrem sempre a esse
caderno, como se fosse um dicionário particular.
O caderno expressa sua compreensão sobre os
termos representados em Libras.
A seqüência de fotos a seguir ilustra os
procedimentos descritos:
Aluno com surdez explicando para o professor e para os
colegas os termos científicos em Língua de Sinais
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
3737
Aluno utilizando o caderno de registro para explicar
termos em Libras
Os professores do Atendimento Educacional
Especializado de Libras fazem permanentemente
avaliações para verificação da aprendizagem dos
alunos em relação à evolução conceitual de Libras.
Em resumo, questões importantes sobre o
Atendimento Educacional Especializado em Libras e
para o ensino de Libras:
•  O Atendimento Educacional Especializado
com o uso de Libras, ensina e enriquece
os conteúdos curriculares promovendo a
aprendizagem dos alunos com surdez na
turma comum.
•  O ambiente educacional bilíngüe é
importante e indispensável, já que
respeita a estrutura da Libras e da Língua
Portuguesa.
•  Este atendimento exige uma organização
metodológica e didática e  especializada.
• O professor que ministra aulas em
Libras deve ser qualificado para realizar
o atendimento das exigências básicas do
ensino por meio da Libras e também,
para não praticar o bimodalismo, ou seja,
misturar a Libras e a Língua Portuguesa que
são duas línguas de estruturas diferentes.
•  O professor com surdez, para o ensino
de Libras oferece aos alunos com surdez
melhores possibilidades do que o professor
ouvinte porque o contato com crianças e
jovens com surdez com adultos com surdez
favorece a aquisição dessa língua.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
3838
•  A avaliação processual do aprendizado por
meio da Libras é importante para que se
verifique, pontualmente, a contribuição do 
Atendimento Educacional Especializado
para o aluno com surdez na escola comum.
•  A qualidade dos recursos visuais é primordial
para facilitar a compreensão do conteúdo
curricular em Libras.
•  A organização do ambiente de aprendizagem
e as explicações do professor em Libras
propiciam uma compreensão das idéias
complexas, contidas nos conhecimentos
curriculares.
•  O Atendimento Educacional Especializado
em Libras oferece  ao aluno com surdez
segurança e motivação para aprender, sendo,
portanto, de extrema importância para a
inclusão do aluno na classe comum.
Momento Didático-Pedagógico:  Momento Didático-Pedagógico:
O Atendimento Educacional  O Atendimento Educacional
Especializado para o Ensino de  Especializado para o Ensino de
Língua Portuguesa Língua Portuguesa
O Atendimento Educacional Especializado
para o ensino da Língua Portuguesa acontece na sala
de recursos multifuncionais e em horário diferente
ao da sala comum. O ensino é desenvolvido por um
professor, preferencialmente, formado em Língua
Portuguesa e que conheça os pressupostos lingüísticos
teóricos que norteiam o trabalho, e que, sobretudo
acredite nesta proposta estando disposto a realizar
as mudanças para o ensino do português aos alunos
com surdez.
O que se pretende no Atendimento
Educacional Especializado é desenvolver a
competência gramatical ou lingüística, bem como
textual, nas pessoas com surdez, para que sejam
capazes de gerar seqüências lingüísticas  bem
formadas.
Nesta perspectiva, a sala de recursos para o
Atendimento Educacional Especializado em Língua
Portuguesa deverá ser organizada didaticamente,
respeitando os seguintes princípios:
• Riqueza de materiais e recursos
visuais (imagéticos) para possibilitar a
abstração dos significados de elementos
mórficos da Língua Portuguesa.
• Amplo acervo textual em Língua
Portuguesa,  capaz de  oferecer ao aluno
a pluralidade dos discursos, para que
os mesmos possam ter oportunidade
de interação com os mais variados
tipos de situação de enunciação.
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
3939
• Dinamismo e criatividade na
elaboração de exercícios, os quais
devem ser trabalhados em contextos
de usos diferentes.
A seguir apresentam-se imagens do
Atendimento Educacional Especializado para o
ensino da Língua Portuguesa:
Professora de Língua Portuguesa, explorando termos
específicos do conteúdo em Língua Portuguesa
Professora  de Língua Portuguesa, ex plorando termos
Professora de Língua Portuguesa explorando gravuras com
legendas em Língua Portuguesa escrita
Professora de Língua Portuguesa revisando os
conceitos curriculares em Língua Portuguesa escrita
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
4040
O Atendimento Educacional Especializado para
ensino da Língua Portuguesa é preparado em conjunto
com os professores de Libras e o da sala comum. A equipe
analisa o desenvolvimento dos alunos com surdez, em
relação ao aprendizado e domínio da Língua Portuguesa.
Neste atendimento, a professora de Língua
Portuguesa focaliza o estudo dessa língua nos níveis
morfológico, sintático e semântico-pragmático, ou seja,
como são atribuídos os significados às palavras e como
se dá à organização delas nas frases e textos de diferentes
contextos, levando os alunos a perceber a estrutura da
língua através de atividades diversificadas, procurando
construir um conhecimento já adquirido  naturalmente
pelos alunos ouvintes.
Aluno com surdez elaborando
frases sobre o conteúdo estudado
A
f
Professora de Língua
Portuguesa ensinando a Língua
Portuguesa escrita para os
alunos com surdez
P f d Lí
Dessa forma, no Atendimento Educacional
Especializado, o professor trabalha os sentidos das palavras
de forma contextualizada, respeitando e explorando a
estrutura gramatical da Língua Portuguesa. Esse processo
inicia-se na educação infantil, intensificando-se na
alfabetização e prossegue até o ensino superior.
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
4141
O professor de Língua Portuguesa em
parceria com os professores da sala comum e
da Libras, realiza estudos dos termos específicos
do conteúdo curricular, utilizando toda fonte
de pesquisa bibliográfica possível, em especial,
dicionário ilustrado e livros técnicos. Organiza
os termos específicos em um glossário ilustrado,
conforme pode ser visto nas ilustrações abaixo:
Exemplo de glossário com termos específicos
ilustrados
1
.
1  Imagens e conceitos retirados de dicionários e livros variados.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
4242
Após o trabalho com o glossário para a
ampliação e aquisição do vocabulário do Português,
são feitos estudos pontuais dos diferentes significados
e formas de uso que as palavras podem assumir em
diferentes contextos (estudo de palavras sinônimas
e homônimas) e sua aplicação a partir da própria
palavra, de frases prontas em que essas são empregadas
palavras, textos ou imagens que se reportem às
situações em questão.
Para esclarecerem dúvidas e polêmicas sobre
o estudo dos contextos e dos conteúdos curriculares,
o professor de Língua Portuguesa e os professores
de turma comum organizam um caderno de estudo,
no qual exemplificam conceito por conceito,
procurando oferecer esclarecimentos pontuais para
o aprendizado dos alunos.
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
4343
Leitura e interpretação de textos Le it ur a e in te rp re ta çã o de tex to s Representação da interpretação do texto por meio de desenho
O Atendimento Educacional Especializado
deve ser organizado para atender também alunos que
optaram pela aprendizagem da Língua Portuguesa na
modalidade oral. Nesse caso, o professor de português
oferece aos alunos as pistas fonéticas para a fala e a
leitura labial.
Elaboração e interpretação de textos em
Língua Portuguesa:
O aluno com surdez precisa aprender a
incorporar no seu texto as regras gramaticais da escrita
na Língua Portuguesa.
A Língua Portuguesa estrutura-se a partir da
combinação de vocábulos que conectados corretamente
dão sentido: palavras combinadas formam frases;
frases conectadas formam orações; orações transpostas
por meio de conectivos formam períodos e assim
por diante, até chegar ao texto. Assim, se inicia o
trabalho com os alunos, paralelamente à ampliação
do vocabulário, a elaboração de tópicos frasais.
Veja exemplo:
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
4444
Capítulo III - O Atendimento Educacional Especializado para
os Alunos com Surdez: uma proposta inclusiva
4545
Com o objetivo de alcançar estruturas
gramaticalmente corretas, insere-se no trabalho
regras gramaticais propriamente ditas, que os alunos
ouvintes, facilmente compreendem, por terem como
canal comunicativo à língua oral. No caso dos alunos
com surdez, faz-se necessário criar o canal que os
leva a essas compreensões. Esta situação é observada
na análise morfológica – flexão de gênero, número e
grau de substantivos e adjetivos, bem como nas
flexões verbais de modo, tempo e pessoa, ao
estabelecerem nas frases e textos, a concordância
verbal e nominal.
Por isto a necessidade de iniciar este
trabalho nos primeiros anos de escolarização, pois
uma vez que iniciados tardiamente neste processo,
mais obstáculos encontrarão na conquista da
habilidade comunicativa escrita.
No Atendimento Educacional Especializado
para o ensino da Língua Portuguesa, o canal de
comunicação específico é a Língua Portuguesa, ou
seja, leitura e escrita de palavras, frases e textos, o uso
de imagens e até mesmo o teatro, para a representação
de conceitos muito abstratos. Vários recursos visuais
são usados para aquisição da Língua Portuguesa.
Desta forma, os alunos precisam ficar
atentos a todos as pistas oferecidas para
compreenderem a mensagem. O atendimento nessa
língua contribui enormemente para o avanço
conceitual do aluno na classe comum.
Em resumo, podemos afirmar que:
•  O Atendimento Educacional Especializado
para aprendizagem da Língua Portuguesa
exige que o profissional conheça muito bem
a organização e a estrutura dessa Língua,
bem como, metodologias de ensino de
segunda língua.
•  O uso de recursos visuais é fundamental
para a compreensão da Língua Portuguesa,
seguidos de uma exploração contextual
do conteúdo em estudo;
• O atendimento diário em Língua
Portuguesa, garante a aprendizagem dessa
língua pelos alunos.
•  Para a aquisição da Língua Portuguesa, é
preciso que o professor estimule,
permanentemente, o aluno, provocando-o a enfrentar desafios.
•  O atendimento em Língua Portuguesa é
de extrema importância para o
desenvolvimento e a aprendizagem do
aluno com surdez na sala comum.
• A avaliação do desenvolvimento da
Língua Portuguesa deve ocorrer
continuamente para assegurar que se
conheçam os avanços do aluno com
surdez e para que se possa redefinir o
planejamento, se for necessário.
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
4646
Para saber mais... Para saber mais...
ASSIS-PETERSON, Ana Antônia de.  A aprendizagem de
segunda língua: alguns pontos de vista. Revista Espaço. Rio de
Janeiro: INES. nª 9, p. 30-37, janeiro-junho, 1998.
AVÉROUS, Pierre; COLLIN, Marie-Marthe. De olho no céu e
na terra. São Paulo: Scipione, 1991.
CANTARATO, Ana Lúcia V.  Aquisição da Língua Portuguesa
por crianças surdas.  Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 6,
p. 60-62, março, 1997.
CONTARATO, Ana Lúcia V.; BAPTISTA, Elaine da R.
Diversidade textual no ensino de Língua Portuguesa escrita
como segunda língua para surdos. Revista Espaço. Rio de
Janeiro: INES. nª 9, p. 67-70, janeiro-junho, 1998.
COSTA, Jucelino. Pistas sinestésicas : uma estratégia facilitadora
para a alfabetização de pessoas surdas. Revista Espaço. Rio de
Janeiro: INES. nª 18/19, p. 106-111, dezembro/2002-julho/2003.
DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo.  Educação Escolar de
Pessoa com Surdez: uma proposta inclusiva. Campinas:
Universidade Estadual de Campinas, 2005. 117 p. Tese de
Doutorado.
DORZIAT, Ana; FIGUEIREDO, Maria Júlia F.  Problematizando
o ensino de Língua Portuguesa na educação de surdos. Revista
Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 18/19, p. 32-41, dezembro/2002-julho/2003.
FARIA, Mirlene Ferreira Macedo. Rendimento escolar dos
portadores de surdez na escola regular em classe comum do
ensino fundamental. Espanha: Universidade de Salamanca,
1997. 148 p. Dissertação de Mestrado.
FERNANDES, Eulália.  Linguagem e surdez. Porto Alegre:
Artmed, 2003.
FREIRE, Alice. Aquisição de português como segunda língua:
uma proposta de currículo. Revista Espaço. Rio de Janeiro:
INES. nª 9, p. 46-52, janeiro-junho, 1998.
GERALDI, João Wanderley. O uso como lugar de construção
dos recursos lingüísticos.  Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES.
nª 8, p. 49-54, agosto-dezembro, 1997.
GLÓRIA, Maria R.; VERGES, Oriol.  Viajando através da
história : da Pré-história ao Egito. São Paulo: Scipione, 1991.
LIMA, Maria Cecília M. P.; et. al. Fonoaudiologia e surdez:
possibilidade de atuação na linguagem escrita. Revista Espaço.
Rio de Janeiro: INES. nª 16, p. 73-77, dezembro, 2001.
Meu 1ª LAROUSSE dicionário. São Paulo: Larousse do Brasil,
2004.
PIMENTA, Maria Ednéa; RAMOS, Maria Inês B.; SOARES,
Regina Célia. Fonoaudiologia numa proposta bilíngüe. Revista
Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 10, p. 74-75, dezembro, 1998.
POKER, Rosimar Bortolini. Troca simbólica e desenvolvimento
cognitivo em crianças surdas:  uma proposta de intervenção
educacional. UNESP, 2001. 363p. Tese de Doutorado.
REBELO, Ana Paula S. R.; COZER, Maria Beatriz R.;
PINHEIRO, Neusa Maria S.; COSTA, Jucelino.  Pistas
sinestésicas: uma estratégia facilitadora para a alfabetização de
pessoas surdas. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 18/19,
p. 106-111, dezembro/2002-julho/2003.
SVARTHOLM, Kristina.  Aquisição de segunda língua por
surdos . Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES. nª 9, p. 38-45,
janeiro-junho, 1998.
CAP¸TULO IV
4949
Capítulo IV - O Papel do Intérprete Escolar
R
espaldados pelos novos paradigmas
inclusivos,  as pessoas com surdez têm
conquistado atualmente direitos
fundamentais que promovem a sua inclusão social.
1
O reconhecimento da Língua Brasileira de
Sinais – Libras, em abril de 2002,  e sua recente
regulamentação, conforme o decreto nª 5.626, de 22
de dezembro de 2005,  legitimam a atuação e a
formação profissional de tradutores e intérpretes de
Libras e Língua Portuguesa. Garante ainda a
obrigatoriedade do ensino de Libras na educação
básica e no ensino superior - cursos de licenciatura e
de Fonoaudiologia e regulamenta a formação de
professores da Libras, o que abre um amplo espaço,
nunca antes alcançado, para a discussão sobre a
educação das pessoas com surdez, suas formas de
ocorrência e socialização.
Nesse contexto, a formação profissional dos
tradutores e intérpretes de Libras e de Língua Portuguesa
torna-se cada vez mais valorizada, pois a presença destes
profissionais é fundamental para a inserção das pessoas
com surdez, que são usuárias da Língua de Sinais.
2  Texto escrito pelas intérpretes Alessandra da Silva e Cristiane
Vieira de Paiva Lima segundo as idéias da proposta desenvolvida
pela Profº Mirlene Ferreira Macedo Damázio para o Atendimento
Educacional Especializado na perspectiva inclusiva.
O que é um tradutor e intérprete  O que é um tradutor e intérprete
de Libras e Língua Portuguesa? de Libras e Língua Portuguesa?
É a pessoa que, sendo fluente em Língua
Brasileira de Sinais e em Língua Portuguesa, tem a
capacidade de verter em tempo real (interpretação
simultânea) ou, com um pequeno espaço de tempo
(interpretação consecutiva), da Libras para o Português
ou deste para a Libras. A tradução envolve a modalidade
escrita de pelo menos uma das línguas envolvidas no
processo.
Postura ética  Postura ética
A função de traduzir/interpretar é singular,
dado que a atuação desse profissional leva-o a interagir
com outros sujeitos, a manter relações interpessoais e
profissionais, que envolvem pessoas com surdez e
ouvintes, sem que esteja efetivamente implicado nelas,
pois sua função é unicamente a de mediador da
comunicação.
O Papel do Intérprete Escolar O Papel do Intérprete Escolar
2
5050
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
O tradutor e intérprete, ao mediar a
comunicação entre usuários e não usuários da Libras,
deve observar preceitos éticos no desempenho de suas
funções, entendendo que não poderá interferir na
relação estabelecida entre a pessoa com surdez e a
outra parte, a menos que  seja solicitado.
Entende-se que, sendo o tradutor e intérprete
uma pessoa com capacidade, opiniões e construção
identitária próprias, não é coerente exigir que ele
adote uma postura absolutamente neutra, como se
sua atividade fosse apenas uma atividade mecânica. 
Mas o fato de ter uma opinião própria sobre um
assunto  não dá a esse profissional o direito de
interferir em uma situação concreta em que está
atuando, quando não for chamado a  intervir.
Segundo o código de ética  da atuação do
profissional tradutor e intérprete - que é parte
integrante do Regimento Interno do Departamento
Nacional de Intérpretes da FENEIS/Federação
Nacional de Educação e Integração dos Surdos - cabe
a esse profissional  agir com sigilo, discrição, distância 
e fidelidade à mensagem interpretada, à intenção e ao
espírito do locutor da mensagem. (MEC/SEESP,
2001). Esta postura profissional  exige disciplina e
uma clara consciência de seu papel.  Assim sendo, o
intérprete deve ter uma estabilidade emocional muito
grande e todo aquele que almeja assumir essa função
precisa ter consciência dessas condições e buscar
formas de desenvolvê-la.
Entende-se como postura ética uma atitude
solidária, pela qual esses profissionais lutam pelo
respeito às pessoas com surdez, assim como por
qualquer outra pessoa. Existem várias áreas de atuação
do tradutor e intérprete de Libras e Língua Portuguesa
que merecem ser objeto de reflexão de todos os que
atuam com pessoas com surdez usuárias da Libras.
A atuação do tradutor/intérprete escolar, na
ótica da inclusão, envolve ações que vão além da
interpretação de conteúdos em sala de aula. Ele medeia
a comunicação entre professores e alunos, alunos e
alunos, pais, funcionários e demais pessoas da
comunidade em todo o âmbito da escola e também
em seminários, palestras, fóruns, debates, reuniões e
demais eventos de caráter educacional. 
Com relação à sala de aula, devemos sempre
considerar que este espaço pertence ao professor e ao
aluno e que a liderança no processo de aprendizagem
é exercida pelo professor, sendo o aluno de sua
responsabilidade.
É absolutamente necessário entender que o
tradutor e intérprete é apenas um mediador da
comunicação e não  um facilitador da aprendizagem
e que esses  papéis são absolutamente diferentes e
precisam ser devidamente distinguidos e respeitados
nas escolas de nível básico e superior.
Não cabe ao tradutor/intérprete a tutoria
dos alunos com surdez e também é de fundamental
importância que o professor e os alunos desenvolvam
entre si interações sociais e habilidades comunicativas,
de forma direta evitando-se sempre que o aluno com
surdez, dependa totalmente do intérprete.
5151
Capítulo IV - O Papel do Intérprete Escolar
Partindo do princípio de que,
comprovadamente, a Língua de Sinais é fundamental
para que o aluno com surdez adquira linguagem e
avance no seu desenvolvimento cognitivo, não
podemos deixar de considerar também, que apenas o
uso dessa língua não é suficiente para resolver
questões relativas à sua aprendizagem. A Língua de
Sinais, por si só,  não promove a aprendizagem da
leitura e da escrita da Língua Portuguesa e,
conseqüentemente, dos conceitos estudados.
Outro aspecto importante refere-se à
conduta profissional adotada pelo tradutor/
intérprete durante a sua atuação profissional, nos
quesitos responsabilidade, assiduidade, pontualidade,
posicionamento no espaço de interpretação,
aparência pessoal, domínio de suas funções, interação
com os alunos, postura durante as avaliações.
O tradutor/intérprete deve sempre respeitar
o contexto escolar, seja em relação às aulas em si, seja
em relação aos alunos com surdez e ouvintes.
O profissional tradutor/intérprete
consciente de todas as suas funções, papéis e
compromissos profissionais tem como
responsabilidade agir como difusor dos
conhecimentos que tem sobre Libras e comunicação
entre pessoas com surdez e ouvintes. Ele deverá saber
o valor e limites de sua interferência no ambiente
escolar, para dar esclarecimentos e orientação aos
que necessitam de seus conhecimentos específicos.
Em resumo, o tradutor/intérprete deve
conhecer com profundidade, cientificidade e
criticidade sua profissão, a área em que atua, as
implicações da surdez, as pessoas com surdez, a Libras,
os diversos ambientes de sua atuação a fim de que, de
posse desses conhecimentos, seja capaz de atuar de
maneira adequada em cada uma das situações que
envolvem a tradução, a interpretação e a ética
profissional.
Atuação do tradutor/intérprete e  Atuação do tradutor/intérprete e
professor de Libras professor de Libras
Há uma clara diferença entre ensinar Língua de
Sinais a ouvintes ou a pessoas com surdez. No caso do
ensino de Libras para alunos ouvintes, o tradutor/
intérprete poderá mediar a comunicação entre os alunos
ouvintes e o professor com surdez no ensino teórico da
Libras. O ensino prático caberá ao professor de Libras.
Atuação do tradutor/intérprete com  Atuação do tradutor/intérprete com
o professor fluente em Libras o professor fluente em Libras
O professor que é fluente em Libras é a
pessoa mais habilitada para transmitir seus
conhecimentos aos alunos usuários da Língua de
Sinais. Uma vez que o professor tenha fluência nessa
língua e que o domínio do conhecimento a ser
trabalhado é exclusivo desse professor, não existe a
barreira da comunicação e, assim sendo, o intérprete
será desnecessário.
5252
Atendimento Educacional Especializado para Alunos com Surdez
Atuação do tradutor/intérprete em  Atuação do tradutor/intérprete em
sala de aula comum com o  sala de aula comum com o
professor sem fluência em Libras professor sem fluência em Libras
O tradutor/intérprete poderá atuar na sala
comum, mas sempre evitando interferir na construção
da Língua Portuguesa, como segunda língua dos
alunos com surdez. A sala de aula comum é um dos
locais de aprendizado da Língua Portuguesa para os
alunos com surdez.
A t u a ç ã o   d o   t r a d u t o r / i n t é r p r e t e  Atuação do tradutor/intérprete
e m   p a l e s t r a s ,   d e b a t e s ,   d i s c u s s õ e s ,  em palestras, debates, discussões,
r e u n i õ e s   d e   c o l e g i a d o   e   e v e n t o s  reuniões de colegiado e eventos
d a   e s c o l a da escola
A atuação do tradutor/intérprete escolar
envolve também a mediação da comunicação nas
diversas atividades que acontecem na escola ou
relacionadas a ela, visando atender às necessidades
tanto de professores e alunos quanto da comunidade
escolar e promovendo a inclusão social.
O tradutor/intérprete é mais um profissional
que, ciente de sua responsabilidade social, poderá
mobilizar  gestores e professores  para a importância
de se promover a igualdade de acesso ao conhecimento
acadêmico para todos os alunos, indistintamente.
Para saber mais... Para saber mais...
PAGANO, Adriana; ALVEZ, Fábio; MAGALHÃES, Célia.
Traduzir com Autonomia: estratégias para o tradutor em
formação . São Paulo: Editora Contexto, 2000.
QUADROS, Ronice Müller de. O Tradutor e Intérprete
de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Brasília:
MEC/SEESP, 2001.
ROBINSON, Douglas. Construindo o Tradutor. Bauru,
São Paulo: EDUSC, 2002.

LIBRAS



Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina
Unidade São José – Coordenadoria de Cultura Geral
Núcleo de Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos
NÍVEL
INTERMEDIÁRIO
APRENDENDO LÍNGUA BRASILEIRA DE
SINAIS COMO SEGUNDA LÍNGUA

  2

REALIZAÇÃO

Luiz Inácio Lula da Silva
Presidente da República

Fernando Haddad
   Ministro da Educação

Eliezer Pacheco
   Secretário da Educação Profissional e Tecnológica 
SETEC-MEC

CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA –
CEFET/SC

Consuelo Aparecida Sielski Santos
Diretora Geral

Regina Rogério
Vice-Diretora Geral

Nilva Schroeder 
Diretora de Ensino

Rosangela Mauzer Casarotto 
Diretora de Administração e Planejamento

Marcelo Carlos da Silva
Diretor de Relações Externas

Maria Clara Schneider
Diretora de Pós-Graduação e Pesquisa

Wilson Zapellini 
Diretor de Gestão do Conhecimento

CEFET/SC UNIDADE SÃO JOSÉ

Jorge Pereira
Diretor da Unidade São José

Maria Lúcia de Souza Cidade
Coordenadora de Cultura Geral

NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE SURDOS - NEPES

Vilmar Silva
Coordenador do NEPES

Kelly Machado Pinho da Rosa e Simone Gonçalves Lima da Silva
Arte Final

Sérgio Barbosa Júnior
Ilustrações Originais



  3























SANTA CATARINA, 2008



CENTRO FEDERAL DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE SANTA CATARINA – CEFET/SC
NÚCLEO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO DE SURDOS – NEPES 
CADERNO PEDAGÓGICO II
CURSO DE LIBRAS

Fábio Irineu da Silva
Flaviane Reis
Gisele Maciel Monteiro Rangel
Marco Di Franco
Paulo Roberto Gauto
Simone Gonçalves de Lima da Silva
Uéslei Paterno

APRENDENDO LIBRAS COMO SEGUNDA
LÍNGUA
NÍVEL INTERMEDIÁRIO


  4
 APRESENTAÇÃO

O  “curso  de  Libras”  desenvolvido  pelo  Núcleo  de  Estudos  e  Pesquisas  em
Educação de Surdos – NEPES do Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa
Catarina – CEFET/SC pretende ser um meio difusor da Língua e da cultura do povo
surdo. Almejamos oferecer um suporte intelectual para quem tem o interesse de se
aprofundar na Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.
O NEPES vem realizando estudos e pesquisas em Educação de Surdos desde
1994, experiência que envolve tanto aspectos políticos, culturais e pedagógicos. Hoje,
o  NEPES  mantém  cursos  de  Pós-graduação lato  sensu  em  Educação  de  Surdos,
Educação de Jovens e Adultos surdos – EJA Bilíngüe, Ensino Médio Bilíngüe e cursos
profissionalizantes  de  Libras  para  alunos,  funcionários,  docentes  e  famílias  de
surdos.  Para  saber  mais  sobre  o  trabalho  do  NEPES  visite
www.sj.cefetsc.edu.br/~nepes. 
A  Língua  Brasileira  de  Sinais  é  uma  língua  que  tem ganhado  espaço  na
sociedade por conta dos movimentos surdos em prol de seus direitos, é uma luta de
muitos  anos  que  caracteriza  o  povo  surdo  como  um  povo  com  cultura  e  língua
própria que é oprimido pela sociedade majoritária impondo um padrão de cidadão
sem  levar  em  conta  as  especificidades  lingüísticas,  sociais  e  culturais  dos  surdos.
Sendo assim, através de anos de luta o povo surdo conquistou o direito
1
 de usar sua
língua que possibilita não só a comunicação, mas também sua efetiva participação na
sociedade.
No entanto, para que esta participação seja efetiva é preciso difundir a língua,
a cultura, as histórias e a concepção de mundo dos surdos. E para isso o Núcleo de
Estudos e Pesquisas em Educação de Surdos – NEPES elaborou este material com
conteúdos fundamentais para aprendizagem desta segunda língua.
Esperamos despertar em você o desejo de conhecer, a vontade de aprender e
compreender uma nova língua, a Língua Brasileira de Sinais. 

Os autores
                                                
1
 Lei Federal n.º 10.436/2002 (LEI ORDINÁRIA) 24/04/2002 que Dispõe sobre a Língua Brasileira de
Sinais - Libras e dá outras providências.
Decreto n.º 5.626/2005 regulamenta a lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a língua
brasileira de sinais - libras, e o art. 18 da lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000.

  5
 SUMÁRIO

Etapa I - Introdução a Gramática da Libras............................................................................  7
ESTUDO DA LÍNGUA 1 - Recapitulando..............................................................................  8
ESTUDO DA LÍNGUA 2 – Onde fica?.....................................................................................  9
Veja no DVD – Onde fica?..............................................................................................................  9
Pronomes demonstrativos e Indefinidos na Libras ................................................................  10
Atividade 1 – Responda rápido em Libras...............................................................................  11
Sinais em foco: Perspectiva LONGE / PERTO..........................................................................  12
Veja no DVD – O Mundo em Língua de Sinais.............................................................................  12
Conversando em Libras – Diálogo.............................................................................................  13
Curiosidades – “Surdos & Tecnologias”...................................................................................  14
ESTUDO DA LÍNGUA 3 – Procurando Emprego!................................................................  15
Veja no DVD – “Procurando Emprego”……………………….................................................  15
Sinais em Foco: Profissões e Afins.............................................................................................  16
Conversando em Libras – Diálogo.............................................................................................  17
Você sabia...? – “O Tornar-se Empregável e a Formação Profissional”................................  18
ESTUDO DA LÍNGUA 4 – A Viagem......................................................................................  21
Expressões e Advérbios de Tempo / Freqüência.....................................................................  21
Sinais em foco: Meios Transportes.............................................................................................   22
Atividade 3 – Responda rápido……………………………………………………..................  22
Conversando em Libras – Diálogo............................................................................................  23
Mais uma para você responder.................................................................................................  25
Você sabia...? – “Os Movimentos Surdos”................................................................................  26
REVISÃO DA ETAPA I .............................................................................................................  28
Etapa II – Produção e Compreensão de Sinais…………………………………...................  29
ESTUDO DA LÍNGUA 5– A Grande Família.........................................................................  30
Conversando em Libras – Diálogo.............................................................................................  31
ESTUDO DA LÍNGUA 6 – Características Pessoais e Personalidades...............................  32
Adjetivos e Comparativos em Libras.........................................................................................  32
Atividade – De olho no contexto................................................................................................  32
Veja no DVD – “Meu amigo é...”................................................................................................  33
ESTUDO DA LÍNGUA 7 – “E Vento Levou...”......................................................................  34
Tipos de Verbos na Libras ..........................................................................................................  34

  6
Veja no DVD – “Aviso Importante”..........................................................................................  35
Os verbos classificadores – Manuais e Instrumentos..............................................................  37
Atividades no DVD – Cadê o verbo? I, II e III..........................................................................  38
Sinais em Foco: Negação em Libras...........................................................................................  41
Veja no DVD – “Contextos da Negação”..................................................................................  41
Conversando em Libras – Diálogo.............................................................................................  42
Curiosidade – “A Primeira Publicação sobre Língua de Sinais no Brasil”……..................  43
REVISÃO DA ETAPA II............................................................................................................  44
Etapa III – Vocabulário de dificuldades..................................................................................  45
ESTUDO DA LÍNGUA 8 - PARECE, MAS NÃO É……………………...............................
46
Atividade ……………………………………………………………..........................................
46
CUIDADO COM O CONTEXTO…………………………………………………...................
47
Atividade no DVD – “SINAIS EM CONTEXTO”………………………………………........  48
Para você conhecer – Leis em Destaque .................................................................................  49
CONCLUINDO OS ESTUDOS................................................................................................  59
BIBLIOGRAFIAS........................................................................................................................  60


  7

Objetivo
Conhecer aspectos gramaticais da Libras de modo
contextualizado favorecendo a prática da conversação.

  8
ESTUDO DA LÍNGUA 1
                                                        Recapitulando...

Recapitulando...
Estamos,  aos  poucos,  avançando  no  nosso  objetivo  de  aprender  um  novo
idioma, a Libras, agora é hora de relembrar o que já foi apreendido e continuar a
caminhada...Então  responda  as  perguntas  abaixo  com suas  palavras  para  depois
apresentar ao professor(a) e seus colegas de curso:

1 – Para você as línguas de sinais são línguas de mesmo status que as línguas orais? 
Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2 – O que você entende por Cultura Surda?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

3 - Escolha um dos trechos abaixo e sinalize para seus colegas e professor(a):

a) “Hoje acordei e levei um susto, tinha um gato na minha cama!
Quando olhei de novo vi que não era um gato era o meu marido”. 

b)  “Todo  dia  a  mesma  coisa,  acordar,  trabalhar,  estudar,  comer  e
dormir... Como fazer diferente?”

c) “Quem comeu meu queijo?”


  9
 ESTUDO DA LÍNGUA 2
Onde fica?










VEJA NO DVD – “Onde Fica?”
- Qual o caminho de A até B?
- Qual o caminho de B até D?
- Qual o caminho de C até A?

  10
Pronomes Demonstrativos
 em Libras


Observe nos sinais abaixo que os pronomes demonstrativos e os advérbios de
lugar têm o mesmo sinal a diferença se dá conforme o contexto do enunciado:

EST@ / AQUI - olhar para o lugar apontado, perto da 1ª pessoa.





ESS@ / AÍ - olhar para o lugar apontado, perto da 2ª pessoa.




AQUEL@ / Lá - olhar para um lugar distante apontando




  11
Pronomes Indefinidos

 Os pronomes indefinidos na Libras se apresenta das seguintes formas:

 
Ninguém
⇒ Usados somente para pessoas:

Ninguém / Nada 
⇒ Usado para pessoas e coisas.



Nada
⇒ Usado para pessoas e coisas.
 (mãos abertas esfregando-se uma na outra)






Atividade - 1

Responda rápido em Libras:
Quem está sentado a sua direita?
Quem está sentado a sua esquerda?
Quem está sentado a sua frente?
Quem está sentado atrás de você?

  12
Sinais em Foco:
                                                                                                    Perspectiva Longe / Perto
Localização regional Cidades / Estados

 

                           
               
VEJA NO DVD – “O Mundo em Libras”

  13
Conversando em Libras
                                                                                             Diálogo


SITUAÇÃO: Bate-papo (duas pessoas conversando sobre a visita que receberam)


A) ONTEM PESSOAS GRUPO VISITAR ESCOLA (MUITO) BOM!
(A visita de ontem na escola foi muito boa) 

B) VERDADE. LEGAL PESSOAS BRASIL DIFERENTES
(É mesmo, foi legal ver pessoas de diferentes estados do Brasil.)

A) GOSTAR MAIS PESSOAS BAHIA SEMPRE ALEGRE.
(Eu gostei mais dos baianos, eles estavam sempre alegres.)

B) EU VONTADE CONHECER BAHIA MAS (MUITO) LONGE...
(Eu tenho vontade de conhecer a Bahia, mas é muito longe)

A) FUTURO PODE...
(Quem sabe no futuro?)

B) PODE...AGORA VOLTAR TRABALHAR OK?. TCHAU
(Pode ser...Agora preciso voltar para o trabalho ok? Tchau)


A) TCHAU. NOITE ENCONTRAR.
(Tchau, a noite nos encontramos)

  14


Surdos & Tecnologias

O avanço das tecnologias não deixou os surdos à margem, hoje há uma grande
variedade de produtos tecnológicos que se adaptaram ao estilo de vida dos surdos
lhes  proporcionando  comodidade,  segurança  e  autonomia.  Veja  alguma  dessas
tecnologias:

                                         

Curiosidades

  15
ESTUDO DA LÍNGUA 3
                                                                                                  Procurando Emprego




Você conhece profissionais surdos de que áreas?

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

O que você tem a dizer sobre os surdos no mercado de trabalho? Há alguma
profissão que você acha que os surdos não podem exercer?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________





VEJA NO DVD – “Procurando Emprego”

  16
Sinais em Foco:
                                                                                                                  Profissões e afins


 




Dica:
- Converse com Surdos (em Libras) sobre as profissões que eles gostariam de exercer.

  17
Conversando em Libras
                                                                                             Diálogo

SITUAÇÃO: Procurando Emprego

 
A) BO@ TARDE!
(Boa tarde!)

B) BO@ TARDE! PODE AJUDAR COISAS?
(Boa tarde. Posso ajuda-lo?)

A) EU NOME R-O-B-E-R-T-O PROCURAR TRABALHO-VAGA COZINHAR.
(Meu nome é Roberto e estou procurando uma vaga para trabalhar como cozinheiro.)

B) VOCÊ JÁ EXPERIENCIA COZINHAR? TER CURSO?
Você já tem experiência na área? Já fez algum curso?

A) TER SIM, JÁ TRABALHAR COZINHA RESTAURANTE 3 ANOS FAZER 
CURSO S-E-N-A-C.
(Já trabalhei durante 3 anos em cozinha de restaurante e já fiz curso no SENAC)

B) BOM, VC CURRICULO DAR SE TER VAGA  (EU) AVISAR (VOCÊ).
(Ótimo. Você deixa seu currículo e se tiver alguma vaga nós entraremos em contato com
você)

A) OK, MELHOR AVISAR CELULAR MENSAGEM OU E-MAIL
(ok, seria melhor vocês fazerem contato por e-mail ou mensagem de texto pelo celular.)

B) CERT@
(certo)

A) OBRIGAD@
(obrigodo)
 
B)TCHAU
(tchau)

  18


O Tornar-se Empregável e a Formação Profissional*

Texto elaborado pelo Professor Vilmar Silva*
Coordenador do NEPES – CEFET/SC

A  política  governamental,  principalmente  nos  últimos  tempos,  tem  se
utilizado  de  um  expediente  nada  convincente  para  o trabalhador,  dentre  eles  os
surdos,  quando  associa  a  possibilidade  de  emprego  à  melhoria  na  formação
profissional. 
O  argumento  utilizado  pelo  governo,  no  início  da  década  de  90  do  século
passado, foi de que a força de trabalho no Brasil era de setenta milhões de pessoas
com uma média de três anos e meio de escolaridade, enquanto nossos vizinhos Chile,
Uruguai, Argentina e Paraguai contavam com uma força de trabalho em média com
seis anos de escolaridade. Com este quadro educacional, para um país que buscava
qualidade  e  produtividade  para  ampliar  suas  possibilidades  no  mercado
internacional, tornava-se indispensável ampliar a proposta de formação profissional
vigente  e  elevar  o  nível  de  escolaridade  dos  trabalhadores.  O  governo  também
frisava,  que  no  novo  contexto  internacional,  o  trabalhador  –  surdo  ou  ouvinte  –,
precisava  se  adequar  à  nova  realidade  do  trabalho, que  tinha  e  tem  como  única
constante  à  transitoriedade,  em  que  profissões  aparecem  e  desaparecem
abruptamente. Na prática, significava e significa dizer que o trabalhador, para ser
produtivo,  além  de  ser  explorado,  precisa  buscar  permanentemente  a  formação
profissional.
Frente  à  transitoriedade  das  profissões,  nos  dias  de  hoje,  para  se  manter
“empregável”  o  trabalhador  precisa  de  centros  de  formação  profissional  com
múltiplas entradas e saídas para se qualificar e requalificar durante toda a sua vida
produtiva. 
Você Sabia...?

  19
Mas, como fica a formação profissional dos surdos se os centros de formação
(CEFETs, SENAI, SENAC, Universidade Públicas e Privadas, etc.) não possuem em
seu  quadro  de  profissionais  professores  de  Libras,  Intérpretes  e  os  projetos
curriculares não privilegiam a experiência visual dos surdos? A reposta para esta
pergunta é simples: os surdos sem uma estrutura pedagógica mínima, nesses centros
de formação profissional, não têm como se qualificar para o mercado de trabalho. Por
não  possuírem  uma  qualificação  mínima  não  tem  como ingressar  no  mercado  de
trabalho.  Portanto,  não  podem  ser  explorados  pelo  capital.  E  por  não  serem
explorados enquanto força de trabalho, não possuem os pré-requisitos para adquirir
os  bens  materiais  (televisão,  geladeira,  carro,  casa,  etc.)  produzidos  pela
humanidade. Isto é, no mundo do trabalho o surdo é duplamente excluído. 
A  lógica  de  se  manter  empregável  passou  a  ser  de  responsabilidade  do
próprio trabalhador. Dito de outro modo: o governo fez o seu papel quando mudou
a  política  nacional  de  formação  profissional,  permitindo  generosamente  ao
trabalhador  fazer  múltiplas  capacitações  (cursos  de  qualificação  e  requalificação,
cursos técnicos, tecnólogos, etc.). Se ele não se torna empregável é porque não se
capacitou adequadamente, ou seja, não se tornou competente para aquele trabalho,
portanto a culpa é sua e não do governo.
  Por trás dessa lógica de formação permanente do trabalhador para ter uma
possibilidade  de  inserção  no  mercado  de  trabalho,  o  que  se  observa  é  uma
substituição da identidade de cidadão de plenos direitos pela identidade de cidadão
consumidor,  na  qual  o  emprego  aparece  como  dependendo  da  estrita  vontade
individual  de  formação,  quando  se  sabe  que  fatores  de  ordem  macroeconômicos
contribuem  decisivamente  com  fechamento  de  postos  de  trabalho.  O  trabalhador,
nesse  novo  contexto  do  mercado  de  trabalho  e  conseqüentemente  da  formação
profissional, passa a ser um consumidor de conhecimentos que devem prepará-lo a
competir em um mercado onde não há espaço para todos, mas somente para alguns.
Assim,  o  tornar-se  empregável  emerge  em  sintonia  com  a  definição  da

  20
impossibilidade  de  existência  do  pleno  emprego  como  direito,  adquirindo  este  a
condição de mera possibilidade.
  Para  se  inserir  no  mercado  de  trabalho  cada  vez  mais  competitivo,  o
trabalhador  surdo  também  passa  a  depender  de  sua  capacidade  individual  em
consumir os conhecimentos mais adequados que lhe garantam o emprego. De novo,
voltamos a pergunta anterior: como o trabalhador surdo pode ser um consumidor de
conhecimentos  se  os  centros  de  formação  profissional  não  estão  preparados  para
recebê-los? A situação atual é tão perversa que o Estado, nesse processo, deixa de ser
o provedor da formação profissional, permitindo a ampliação cada vez maior dos
centros de formação privada, atribuindo ao trabalhador a responsabilidade pela sua
própria formação. O trabalhador, por este viés, deve ter a liberdade de escolher as
opções  que  melhor  o  capacitem  a  competir,  desde  de que  pague  pelo  acesso  ao
conhecimento, no intuito de garantir seus direitos de consumidor.
Dentro  desta  lógica,  não  se  deixa  de  ser  consumidor  se  outras  pessoas
consomem  mais.  Porém,  quando  isto  ocorre,  os  que  consomem  menos  perdem
alguns  direitos  básicos  da  cidadania  (saúde,  educação,  habitação,  etc.),
independentemente  de  sua  condição  lingüística,  social,  sexual,  nacional,  racial  e
outros. A condição de cidadania é negada quando essa diferenciação se produz na
vida social. Neste sentido, o conceito “tornar-se empregável” passa a colocar em foco
que  a  cidadania  está  vinculada  a  possibilidade  de  consumir,  não  permitindo  a
existência do sujeito como cidadão de plenos direitos. 
                                                                                      

      Reflexões Críticas

O que você achou do texto? Reflita e discuta

  21
 ESTUDO DA LÍNGUA 4
                                                                                                      A Viagem


Expressões e Advérbios de Tempo / Freqüência





  22
                                                                                                          Sinais em Foco:
                                                                                    Meios de transporte / Hotel / Rodoviária /
Aeroporto / Bagagem / Cultura  / Turismo


 




Atividade - 3


Responda rápido em Libras: (dica: as respostas estão acima)

a) Qual o veículo de duas rodas que mais causa acidentes?
b) O que é que tem asas, mas não é pássaro, tem rodas, mas não carro?
c) O maior ninho do Brasil é? 
d) Titanic lembra...?
e) Sempre lotado?
f) Lugar de passagem?
g) Grupo de passeio?



  23
Conversando em Libras
                                                                                             Diálogo

SITUAÇÃO: Encontro no aeroporto
(duas pessoas se encontram por coincidência no aeroporto)

A) OI! BOM!
(olá tudo bem!)

B) BOM! QUANTO-TEMPO?
(tudo bem, nossa quanto tempo?)

B) DESCULPE VOCÊ SINAL?
(Desculpa qual é mesmo o seu sinal?)

A) SINAL ESQUECER?
(você esqueceu do meu sinal?)

A) (faz sinal)

B)  LEMBRAR  ROSTO  SINAL  ESQUECER  NÓS-DOIS  JÁ  ESTUDAR  JUNT@
PASSADO.
(Eu lembro da sua fisionomia, mas esqueci seu sinal. Nós já estudamos juntas há
pouco tempo)

A) SIM. AGORA EU VIAJAR RIO GRANDE DO SUL CASA AMIG@  E VC?
(Isso mesmo. Estou indo para o Rio Grande do Sul para casa de uma amiga, e você?)

B) EU VIAJAR R-I-O AMANHA FESTA SURDOS.
(Estou indo para o Rio de Janeiro, para uma festa dos surdos que vai ter amanhã?)

A) VOCÊ VIAJAR R-I-O SEMPRE?
(Você sempre viaja para o Rio?)

B) NUNCA, HOJE PRIMEIRA VEZ.
(Hoje é a primeira vez que vou, nunca fui antes.)

A) EU FREQUENTAR RIO GRANDE DO SUL SEMPRE-SEXTA.
(Eu vou para o Rio Grande do Sul toda sexta-feira)

B) BOM ENCONTRAR MAS AGORA PRECISA IR JÁ HORA AVIÃO.
(Foi te encontrar, mas agora preciso ir. Já esta na hora do avião sair)
A) PROBLEMA-NÃO. BO@ VIAGEM.

  24
(Não tem problema. Boa viagem)

B) TAMBÉM VOCÊ.
(para você também)

A)TCHAU

B)TCHAU

  25

Mais uma para você responder...

A Viagem

Você  já  tem  internalizado  conhecimentos  básicos  para  uma  boa  comunicação  em
Libras, no entanto, suponha que no lugar onde você trabalha ou estuda somente você
tem tais conhecimentos e de repente chegam dois surdos pedindo informações sobre
como  comprar  passagens  de  volta  para  casa...Como  você  faria  para  se  comunicar
com eles? (sinta-se à vontade para expressar todas as suas idéias).

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

Agora suponha que sejam dois Surdos de outro país como seria sua reação? 

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

  26
Os Movimentos Surdos

Madalena Klein (UFRGS)
Movimentos Surdos e os Discursos Sobre Surdez, Educação e Trabalho:
 A constituição do surdo trabalhador.

Artigo completo disponível em:
 http://www.cultura-sorda.eu/resources/Klein_movimento-surdo.pdf 

A  comunidade  surda  vê  nos  movimentos  surdos  uma  possibilidade  de
caminhada política de resistência às práticas ouvintistas
2
 até então hegemônicas nos
diferentes espaços educacionais, sociais e culturais, como também, um espaço de luta
pelo reconhecimento da Língua de Sinais e das identidades surdas. Nas palavras de
uma pesquisadora surda, encontramos explicitada sua visão do movimento surdo.

Para o movimento surdo, contam as instâncias que afirmam a busca do direito do
indivíduo  surdo  ser  diferente  nas  questões  sociais,  políticas  e  econômicas  que
envolvem o mundo do trabalho, da saúde, da educação, do bem-estar social (Perlin,
1998:71)

Esses movimentos se dão a partir dos espaços articulados pelos surdos, como
as associações, as cooperativas, os clubes, onde “jovens e adultos surdos estabelecem
o  intercâmbio  cultural  e  lingüístico  e  fazem  o  uso oficial  da  Língua  de  Sinais”
(FENEIS, 1995a:10)
3
 . Um dos principais fatores de reunião das pessoas surdas é a
Língua  de  Sinais,  através  da  qual  eles  encontram  oportunidades  de  compartilhar
suas experiências e seus sonhos, e também um espaço de reafirmação da luta pelo
direito ao uso dessa língua. Mas as questões discutidas pelos movimentos surdos se
ampliam e diversificam, segundo suas realidades locais e nacionais. Algumas lutas
são compartilhadas pelos grupos de surdos em diferentes regiões do mundo, sendo
que sua articulação ao nível mundial está sob a coordenação da Federação Mundial
de  Surdos  (Word  Federation  of  the  Deaf—WFD),  com  sede  na  Finlândia.  A  sua
                                                
2
 Segundo Skliar (1998: 15), esse termo se refere “as representações dos ouvintes sobre a surdez e sobre
os surdos (...) a partir do qual o surdo está obrigado a olhar-se e narrar-se como se fosse ouvinte”.
Com esse termo se faz uma analogia ao colonialismo – colonialista. 

3
Ao falar em movimentos surdos, não estou me referindo ao conjunto generalizado de surdos. Eles
representam,  neste  artigo,  grupos  determinados,  em sua  maioria  moradores  dos  centros  urbanos,
pertencendo a famílias de situação sócio-econômica estável, que tiveram acesso à escolarização.


  27
criação,  em  1951,  significou  uma  importante  conquista  de  espaço  político  para  as
discussões e articulações das lutas das comunidades surdas (Souza, 1998).
Entre a maioria dos surdos europeus e norte-americanos, principalmente, há
uma tradição de festejar o surgimento ou a origem da comunidade surda a partir do
encontro do Abade L’Epèe, por volta de 1760, com duas jovens surdas nas ruas de
Paris. Deste encontro resultou seu interesse pela Língua de Sinais e a fundação da
primeira escola pública para surdos
4

(...)
Mottez  (1992)  sugere  o  nascimento  do  movimento  surdo  vinculado
diretamente ao encontro de pessoas surdas em banquetes, sendo que o primeiro teria
sido organizado para comemorar o aniversário do Abade.
(...)
A  história  dos  movimentos  surdos  começa  a  ser  contada,  pela  própria
comunidade surda (FENEIS, Relatórios de 1993, 1996, 1997), a partir da chegada ao
Brasil do francês Hernest Huet, surdo e ex-diretor do Instituto de Surdos de Paris. 
(...)
Um  exemplo  significativo  de  resistência  nos  movimentos  surdos  vem  se
dando  no  campo  da  educação.  As  discussões  emergentes  sobre  a  participação  de
surdos nas decisões educacionais das escolas, os movimentos em direção à ruptura
com  o  que  até  então  se  denomina  educação  especial, procurando  redefinir  novos
espaços,  novos  sujeitos,  são  alguns  dos  exemplos  de  saberes,  fragmentados  e
descentrados, às vezes, mas que vêm a contrapor os saberes oficiais,  instituídos e
considerados até então como verdadeiros.
                                                
4
 A primeira escola pública para surdos foi fundada pelo Abade L’Epèe, na cidade de Paris em 1760,
tornando-se,  em  1791,  o  Instituto  Nacional  de  Jovens  Surdos  de  Paris  –  INJS  (Institut,  1994).  Esta
escola foi referência na educação de surdos nos séculos XVIII e XIX, de onde se formaram  vários
professores  surdos  que  fundara  novas  escolas  de  surdos  em  diferentes  países,  como  é  o  caso  do
Instituto Nacional de Surdos de nosso país, fundado a partir da chegada do professor surdo Hernest
Huet, em 1857, na cidade do Rio de Janeiro.


  28
REVISÃO DA ETAPA I


Revisando...

1) Assista no DVD o conto “Encontro Marcado” e reescreva-o abaixo em língua
portuguesa:

___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

2) Responda as lacunas rapidamente traduzindo para Libras:

a)  Agora estou........da minha casa. 
b)  Um dia tem ...........de duração.
c)  Quem trabalha ganha.........todo mês. 
d)  Hoje acordei às.........
e)  Amanhã a noite vou a uma........
f)  Minha escola está em.......por isso não tive aula.
g)  Amanhã viajo para Bahia de.....
h)  Eu ......um cachorro verde.
i)  Eu .....vou andar de moto, morro de medo.
j)  Às 16h tenho um..... com meu amigo.
k)  Demorei quase ..... para chegar em casa. 
l)  Estou atrasado! Vou pegar um .....
m) Minha viagem foi ... 

  29









































Objetivo
Avançar na produção e compreensão de sinais da Libras em
diferentes contextos.

  30
ESTUDO DA LÍNGUA 5
                                                                                                  A Grande Família








Dica:
- Estude os sinais relacionados à família e pratique diálogos.



  31
Conversando em Libras
                                                                                             Diálogo

SITUAÇÃO: Conhecendo a Família dela...
(a namorada mostra foto da família para o namorado)

A) namorada       B) namorado

A) OLHA FOTO MINHA FAMILIA.
(Olhe a foto da minha família)

B) HUMM. QUEM EST@ ALT@ FORTE CABELO NADA?
(Humm. E quem é este alto, forte e careca?)

A) PAI.
(É meu pai.)

B) MULHER DUAS PARECE. QUEM?
(Tem duas mulheres muito parecidas. Quem são?)

A) UMA MAE.
(Uma delas é minha mãe.)

B) QUAL-DOS-DOIS?
(Qual das duas?)

A) LADO DIRET@
(A que está do lado direito.)

B) BONIT@...VELH@ É VOVÔ SEU?
(Bonita...Este velhinho é seu avô?)

A) SIM. MORREU JÁ
(É sim, mas já faleceu.)

B) EST@ MENINA CABELO COMPRIDO BONIT@ QUEM?
(E esta menina bonita de cabelos compridos? Quem é?)

A) EU.
(Sou eu.)

B) VERDADE? DIFERENTE...
(É mesmo? Está diferente...)

A) PORQUE? FEI@ AGORA?
(Por que? Agora estou feia é?)

B) NÃO! AGORA MAIS BONIT@
(Não! Agora está muito mais bonita!)

  32
ESTUDO DA LÍNGUA 6
                                                                                                  Caracteristicas Pessoais e
Personalidades

Adjetivos e Comparativos em Libras- Pesquise os sinais e pratique:



















Atividade


De olho no contexto, sinalize as frases abaixo e correlacione ao contexto correto:

(    ) Qual você quer? Branco ou preto?
(    ) Ele come mais do que eu. 
(    ) Qual sua idade?
(    ) Ele comeu menos do que eu.
(    ) Ele pensa que sabe tudo. 
(    ) Surdos e ouvintes são iguais não tem melhor ou pior.

a)IGUALDADE        b) SUPERIORIDADE             c)INFERIORIDADE

d)MAIS DO QUE      e) QUAL DOS DOIS


Qual-dos-dois?

Mais do que  

Igualdade

Inferioridade

Superioridade
Velho – jovem

Velho – usado – novo

Alto – baixo

Gordo – magro

Grosso – fino

Grande – pequeno

Feio – bonito

Forte - fraco

Rápido – devagar

Quente – frio


  33






Assista no DVD a atividade “Meu amigo é...” correlacionando os adjetivos em libras
com os parênteses abaixo:








ATIVIDADES NO DVD – Meu amig@ é...
(    )  (    )  (    )  (    )

  34
ESTUDO DA LÍNGUA 7
                                                                                                  E vento levou...



TIPOS DE VERBOS EM LIBRAS


1 - Verbos sem Concordância

Esse  grupo  de  verbos  é  caracterizado  por  não  apresentar  flexão  quanto  à
pessoa, eles também não incorporam instrumentos e nem argumentos. São os verbos
mais simples em libras. Muitos deles apresentam a locação do sinal junto ao corpo. 

São verbos como:



Um  fato  curioso  é  que  muitos  deles  são  verbos  ligados  às  emoções  ou  à
capacidade intelectual, justamente por esses terem a locação junto ao corpo na libras.
Eles geralmente estão associados a apontação. Veja os exemplos no DVD.


  35
Atividade

Em  dupla  elaborar  um  diálogo  que  envolva  o  maior  número  possível  de
verbos sem concordância em seguida apresente para seus colegas e professor. 


2- Verbos com Concordância

São verbos que concordam com as pessoas da sentença, mas não incorporam o
locativo. A direção do sinal é realizada do sujeito para o objeto da sentença. Com isso
a direção do movimento destes verbos sempre irá variar com a posição das pessoas
que estão envolvidas.


Exemplos deste tipo de verbo são:












VEJA NO DVD – “Aviso Importante”

  36
Atividade

Com  o  grupo  de  alunos  de  sua  turma  pratique  o  uso  destes  verbos  a  partir  das
seguintes situações:

a) EU AVISAR VOCÊ
b) VOCÊ AVISAR EU
c) EU AVISAR VOCÊ E ELE
d) ELE AVISAR EU
e) EU DAR VOCÊ 



3 - Verbos Espaciais

Os verbos espaciais são verbos que têm afixos locativos. Estes verbos sempre
estão  relacionados  a  existência  de  um  lugar  no  discurso.  Exemplos  de  verbos
espaciais são COLOCAR, IR, CHEGAR.


                                         Atividade

Em grupos filmem uma pequena narrativa em Libras que utilizem os verbos acima
descritos.










f) EU DAR ELE
g) EU DAR VOCÊ E ELE
h) EU PERGUNTAR VOCÊ
i) VOCE PERGUNTAR EU


  37
VERBOS CLASSIFICADORES
De Incorporação / Manuais / Instrumentais
                                                                                                 


1 - Verbos que Incorporam o Formato dos Argumentos da Sentença


Esse  grupo  de  verbos  é  muito  diversificado  e  um  pouco  complexo.  Para
entendermos como eles funcionam precisamos ver de maneira bem superficial, o que
queremos dizer com argumentos verbais. Para explicar isso, vamos citar um exemplo
do português, o verbo “amar”.
O verbo amar exprime uma relação entre duas pessoas, onde uma pessoa ama
e a outra pessoa é amada. Veja o exemplo

________ ama _________




João ama Maria

O  verbo  amar  apresenta  dois  locais  que  precisam  ser  preenchidos,  como
ilustrado  acima.  Esses  locais  são  chamados  dentro  da  gramática  de argumentos
verbais. 
Agora  que  já  entendemos  um  pouco  o  que  é  argumento verbal  podemos
estudar melhor o grupo de verbos que incorporam argumentos na libras.
Na libras o verbo AMAR funciona da mesma forma que em português, onde
uma pessoa ama a outra pessoa, e o verbo amar apresenta dois argumentos e apenas
isso.
Entretanto há um grupo de verbos onde o formato de um dos argumentos
modifica a configuração da mão na realização daquele sinal. Um exemplo é o verbo
andar, pois em libras conforme o que estiver andando a configuração de mão será
diferente.  Agora  tente  sinalizar  as  expressões  abaixo,  discuta  com  seus  colegas  e
professor:

Pessoa que ama  Pessoa que é amada

  38
Atividade no DVD – Cadê o verbo? I


ANDAR-PESSOA / ANDAR-ANIMAL-DE-PATAS

ANDAR-ANIMAL-RASTEJANTE / ANDAR-CARRO

ANDAR-MOTO / ANDAR-AVIÃO

Outros verbos desse grupo são: ABRIR, NADAR, SEGURAR, CAIR.



    Atividade


1) Dos verbos acima citado, tente relacionar as modificações de configuração que eles
podem  ter  dependendo  do  argumento  da  sentença.  Uma dica.  Monte  frases  com
esses verbos e depois procure sinalizá-las, verás que os verbos sofrerão alteração na
configuração de mão. Apresente suas considerações aos colegas e professores.

2) Tente sinalizar as seguintes ações:

a) Copo quebrando;
b) Lápis rolando;
c) Vidro rachando;
d) Água vazando;
e) Pessoa tropeçando;
f) Pessoa carregando uma caixa muito pesada. 





Veja no DVD a história contada e procure encontrar os verbos que apresentam incorporação
de argumento. Anote-os e discuta em sala de aula.


  39
2 - Verbos Manuais


Agora  vamos  conhecer  um  pouco  mais  sobre  um  outro  grupo  especial  de
verbos da libras, são os Verbos Manuais. Esse é um grupo restrito de verbos e o seu
significado só é definido dentro do contexto discursivo. 
A  configuração  de  mão  desses  verbos  é  sempre  em ou  em    e
representam  ações  onde  uma  pessoa  está  segurando  algo.  Tente  sinalizar  as
expressões verbais:


PASSAR-ROUPA              PINTAR-PAREDE-ROLO          REGAR-PLANTAS-MANGUEIRA


Outros exemplos são: 
VARRER-VASSOURA, VARRER-ASPIRADOR, REMAR-REMO, CORTAR-FACÃO.  







Veja no DVD o pequeno conto em libras e tente identificar os Verbos Manuais. Depois em sala
de aula o professor(a) irá discutir com vocês os sinais encontrados. 

3- Verbos Instrumentais

Os verbos instrumentais são um outro grupo especial de verbos da
libras.  Esse  grupo  de  verbos  é  mais  complexo  e  exige  que  vocês  prestem  muita
atenção para poder compreendê-los e usá-los adequadamente. Em português não há
nada parecido.
Atividade no DVD – Cadê o verbo? II

  40
Atividade no DVD – Cadê o verbo? III
Os  verbos  instrumentais  são  verbos  no  qual  o  formato  do
instrumento que está sendo usado para realizar aquela ação modifica o formato da
configuração  da  mão.  Por  exemplo,  o  verbo  CORTAR.  Em  português  o  verbo
“cortar”  exprime  uma  ação  onde  algo  está  sendo  partido  pela  ação  desse
instrumento. Em libras não encontramos o verbo “cortar” isolado, ele está sempre
ligado ao instrumento que está sendo utilizado para realizar uma determinada ação
de cortar. Sinalize os exemplos abaixo.

CORTAR-FACA      CORTAR-TESOURA  CORTAR-GUILHOTINA


Podemos notar que em português o instrumento da ação geralmente
não está presente na sentença, veja abaixo:

(1)  João cortou o pão.

Em libras o verbo cortar necessita que se explicite o instrumento que
foi usado na ação de cortar. 

(2)  JOÃO PÃO CORTAR-FACA.

Há  uma  série  de  verbos  que  são  instrumentais  em  libras  e  que
dependendo do instrumento que é utilizado na ação há alteração da configuração da
mão. Como exemplo de verbos instrumentais podemos citar: FURAR-X; CAVAR-X;
CORTAR-X; PINTAR-X; COLHER-X.





Veja no DVD o pequeno conto em libras e procure identificar os verbos instrumentais

  41
ATIVIDADE NO DVD – “Contextos da Negação”
Sinais em Foco:
Negação em Libras

Tipos de Negação em Libras


1 – Negação utilizando o sinal NÃO. 

Sinalize:
CONHECER JOÃO?                   CONHECER-NÃO


2 – Negação simultânea ao sinal através do movimento da cabeça

Sinalize:
NÃO-ACREDITAR VOCÊ

HOJE NÃO-PRECISAR VOCÊ IR


3 – Negação por incorporação (incorporação da negação)

Sinalize: 
NÃO-QUERER         NÃO-TER       NÃO-GOSTAR


- Agora discuta com seus colegas e Professor as diferenças encontradas.





Traduza para a língua portuguesa os enunciados em Libras:

a)  ________________________________________________
b)  ________________________________________________
c)  ________________________________________________
d)  ________________________________________________
e)  ________________________________________________
f)  ________________________________________________

  42
 Conversando em Libras
                                                                                             Diálogo


SITUAÇÃO: Pedindo informação
(pessoa pedindo várias informações para outra pessoa no ponto de ônibus)

A) Quem pede informação   B) Informante

A) BOM DIA! VOCÊ CONHECER ONDE CIDADE S-Ã-O S-E-B-A-S-T-I-Ã-O?
(Bom dia! Você sabe onde fica Cidade São Sebastião?)

B) CONHECER-NÃO
(Não conheço)

A) SABER ONDE RUA G-U-A-R-A-J-Á?
(Sabe onde fica rua Guarujá?)

B) SABER-NÃO
(Não sei)

A) JÁ VER ONIBUS 175 PASSAR?
(Viu se o ônibus 175 já passou?)

B) VER-NÃO
(Não vi.)

A) TÁXI TER AQUI?
(Por aqui tem táxi?)

B) NUNCA-VI
(Nunca vi não)

A) PUXA!!! NUNCA-VI NÃO!NÃO!NÃO.



  43


A Primeira Publicação sobre Língua de Sinais no Brasil

Foi feita, em 1873, pelo Surdo Flausino José da Gama aluno do Instituto de
Surdos-Mudos do Rio de Janeiro (atual Instituto Nacional de Educação de Surdos –
INES). O estudo resultou na obra “Iconographia dos Signaes dos Surdos-Mudos”,
publicado em 1875. Veja a seguir:



















Cópia disponível no acervo do NEPES

  44
REVISÃO DA ETAPA II
                                                                                             

Revisando...

1)  Monte  sua  árvore  genealógica  mais  recente  e  apresente  aos  seus  colegas  e
professor(a) descrevendo as semelhanças físicas e emocionais de alguns:

2)  Crie  um  pequeno  conto  que  envolva  verbos  de  incorporação,  manuais  e
instrumentais. Apresente aos seus colegas e professor(a). 
OBS: Esta atividade será filmada para que posteriormente cada um possa se auto-avaliar. 


3) Faça a correspondência ente os sinais e seu uso em diferentes contextos.

a)   b)   c)   d)  e)  


(    ) Não comi nada hoje.
(    ) Não tenho dinheiro.
(    ) Ainda não recebi salário.
(    ) Nunca andei de avião.
(    ) Não consigo abrir a porta.









  45


Objetivo
Conhecer, praticar e revisar vocábulos que facilitam a conversação.

  46
VEJA NO DVD – Parece, mas não é...
ESTUDO DA LÍNGUA 8
Parece, mas não é...

Nas línguas de sinais existem sinais que são quase idênticos, mas possuem
significados  diferentes  que  são  percebidos  no  contexto,  assim  como  na  língua
portuguesa,  por  exemplo,  as  palavras:  firma  (empresa)  –  firma  (confirmação)  –
manga  (camisa)  -  manga  (fruta)  –  ouve  (ato  de  ouvir)  –  houve  (acontecer)  são
idênticas,  mas  apresentam  significados  diferentes.  Então  cuidado  para  não
confundir, pois as aparências enganam...

Veja os exemplos:
















Assista os sinais acima no DVD e comente as diferenças encontradas.
 Atividade

Crie uma pequena história (conto/ narrativa / piada) utilizando duplas de sinais quase-idênticos.

Cadeira / Sentar
Oito / S
Sábado / Laranja
Vídeo / Fita de vídeo
Pesquisar / Perguntar
Avião / Voar
Café / Xícara
Deputado / Advogado
Curto / Pequeno

Estudar / Aula
Remédio / Engraçado
Carro / Dirigir
Pente / Pentear
Acordo / Vingar
Oficial / Verdade
Vidro / Verde
Combinar / Compromisso
Como / Para quê?

  47
CUIDADO COM O
CONTEXTO...

Já sabemos que a língua de sinais é principalmente visual, a iconicidade é uma
característica  básica.  No  entanto  quando  se  está  acostumado  a  ouvir  a  percepção
visual, pela falta de uso, acaba por não se ampliar muito, logo há a tendência de
pessoas  ouvintes  ao  sinalizarem  em  Libras  associar sinais  às  palavras  da  Língua
Portuguesa e a seus significados. É preciso então estar atento e exercitar a percepção
visual sobre os acontecimentos e objetos a nossa volta para estar sempre dentro do
contexto de sinalização. Observe os exemplos...

  PALAVRA DO PORTUGUES: MAIS
Em Libras apresenta diferentes significados e formas de enunciar. 
(Veja a sinalização com seu Professor)
MAIS (SOMA)   MAIS (DOBRO)  MAIS(FALTA)   MAIS(NOVAMENTE)

  PALAVRA DO PORTUGUES: AINDA
Em Libras apresenta diferentes significados e formas de enunciar.
(Veja a sinalização com seu Professor)
AINDA-NÃO    PRONTO        ACABADO

  PALAVRA DO PORTUGUES: FALTAR
Em Libras apresenta diferentes significados e formas de enunciar.
(Veja a sinalização com seu Professor)
FALTAR PESSOAS        COISAS         FALTAR (AUSÊNCIA)




  48




1) Assista no DVD a cena -1 “sinais em contexto - MAIS” e escolha a opção correta:
Os sinais que aparecem consecutivamente são:
a) Mais (soma) / Mais (dobro). / Mais (novamente) / Mais (falta)
b) Mais (falta) / Mais (novamente). / Mais (dobro) / Mais (soma)
c) Mais (soma) / Mais (falta). / Mais (dobro) / Mais (novamente)
d) Mais (novamente) / Mais (soma). / Mais (dobro) / Mais (falta)




Assista o DVD - “sinais em contexto - FALTAR” e assinale as alternativas corretas:

1)  (a)   (b)   (c) 
2)  (a)   (b)   (c) 
3)  (a)   (b)   (c) 
4)  (a)   (b)   (c) 
5)  (a)   (b)   (c) 


Atividade no DVD – “Sinais em Contexto - MAIS”
Atividade no DVD – “Sinais em Contexto - FALTAR”

  49
Leis em destaque...


No Estado de Santa Catarina os movimentos surdos vêm alcançando algumas das metas sobre
a  difusão  da  língua  brasileira  de  sinais,  ou  seja, oficializá-la  como  língua  própria  do  povo
surdo.

Ano 2000, em 25 de abril no Estado. Lei n.º 11.385.
Ano 2002, em 24 de abril no Brasil. Lei n.º 10.436.
Ano 2005, em 12 de dezembro, regulamentação da lei de libras, conforme abaixo. Decreto n.º
5.626.

http://www.mp.sc.gov.br/legisla/est_leidec/lei_estadual/2000/le11385_00.htm


LEI Nº 10.436, DE 24 DE ABRIL  DE 2002.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono
a seguinte Lei:
Art.  1
o
  É  reconhecida  como  meio  legal  de  comunicação  e  expressão  a  Língua  Brasileira  de
Sinais - Libras e outros recursos de expressão a ela associados.
Parágrafo único. Entende-se como Língua Brasileira de Sinais - Libras a forma de comunicação
e  expressão,  em  que  o  sistema  lingüístico  de  natureza  visual-motora,  com  estrutura  gramatical
própria, constituem um sistema lingüístico de transmissão de idéias e fatos, oriundos de comunidades
de pessoas surdas do Brasil.
Art. 2
o
 Deve ser garantido, por parte do poder público em geral e empresas concessionárias de
serviços públicos, formas institucionalizadas de apoiar o uso e difusão da Língua Brasileira de Sinais -
Libras  como  meio  de  comunicação  objetiva  e  de  utilização  corrente  das  comunidades  surdas  do
Brasil.
Art. 3
o
 As instituições públicas e empresas concessionárias de serviços públicos de assistência à
saúde devem garantir atendimento e tratamento adequado aos portadores de deficiência auditiva, de
acordo com as normas legais em vigor.
Art.  4
o
  O  sistema  educacional  federal  e  os  sistemas  educacionais  estaduais,  municipais  e  do
Distrito  Federal  devem  garantir  a  inclusão  nos  cursos  de  formação  de  Educação  Especial,  de
Fonoaudiologia e de Magistério, em seus níveis médio e superior, do ensino da Língua Brasileira de
Sinais  -  Libras,  como  parte  integrante  dos  Parâmetros  Curriculares  Nacionais  -  PCNs,  conforme
legislação vigente.
Parágrafo  único.  A  Língua  Brasileira  de  Sinais  -  Libras  não  poderá  substituir  a  modalidade
escrita da língua portuguesa.
Art. 5
o
 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 24 de abril de 2002; 181
o
 da Independência e 114
o
 da República.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO

  50
Paulo Renato Souza
http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/LEIS/2002/L10436.htm

DECRETO Nº 5.626, DE 22 DE DEZEMBRO DE 2005.
 PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso das atribuições que lhe confere o art. 84, inciso IV, da
Constituição, e tendo em vista o disposto na Lei n
o
 10.436, de 24 de abril de 2002, e no art. 18 da Lei
n
o
 10.098, de 19 de dezembro de 2000, 
        DECRETA:
CAPÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES
        Art. 1
o
  Este Decreto regulamenta a Lei no 10.436, de 24 de abril de 2002, e o art. 18 da Lei no
10.098, de 19 de dezembro de 2000. 
         Art. 2
o
  Para  os  fins  deste  Decreto,  considera-se  pessoa  surda  aquela  que,  por  ter  perda
auditiva,  compreende  e  interage  com  o  mundo  por  meio  de  experiências  visuais,  manifestando  sua
cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais - Libras.
        Parágrafo único.  Considera-se deficiência auditiva a perda bilateral, parcial ou total, de quarenta
e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas freqüências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e
3.000Hz.
CAPÍTULO II
DA INCLUSÃO DA LIBRAS COMO DISCIPLINA CURRICULAR
        Art. 3
o
  A Libras deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória nos cursos de formação
de  professores  para  o  exercício  do  magistério,  em  nível  médio  e  superior,  e  nos  cursos  de
Fonoaudiologia,  de  instituições  de  ensino,  públicas  e  privadas,  do  sistema  federal  de  ensino  e  dos
sistemas de ensino dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. 
        § 1
o
  Todos os cursos de licenciatura, nas diferentes áreas do conhecimento, o curso normal de
nível  médio,  o  curso  normal  superior,  o  curso  de  Pedagogia  e  o  curso  de  Educação  Especial  são
considerados  cursos  de  formação  de  professores  e  profissionais  da  educação  para  o  exercício  do
magistério.
         § 2
o
  A  Libras  constituir-se-á  em  disciplina  curricular  optativa  nos  demais  cursos  de  educação
superior e na educação profissional, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
CAPÍTULO III
DA FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE LIBRAS E DO INSTRUTOR DE LIBRAS
        Art. 4
o
  A formação de docentes para o ensino de Libras nas séries finais do ensino fundamental,
no  ensino  médio  e  na  educação  superior  deve  ser  realizada  em  nível  superior,  em  curso  de
graduação  de  licenciatura  plena  em  Letras:  Libras  ou  em  Letras:  Libras/Língua  Portuguesa  como
segunda língua.

  51
         Parágrafo único.  As  pessoas  surdas  terão  prioridade  nos  cursos  de  formação  previstos  no
caput.
        Art. 5
o
  A formação de docentes para o ensino de Libras na educação infantil e nos anos iniciais
do ensino fundamental deve ser realizada em curso de Pedagogia ou curso normal superior, em que
Libras e Língua Portuguesa escrita tenham constituído línguas de instrução, viabilizando a formação
bilíngüe.
         § 1
o
  Admite-se  como  formação  mínima  de  docentes  para  o  ensino  de  Libras  na  educação
infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental, a formação ofertada em nível médio na modalidade
normal, que viabilizar a formação bilíngüe, referida no caput.
        § 2
o
 As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput.
        Art. 6
o
 A formação de instrutor de Libras, em nível médio, deve ser realizada por meio de:
        I - cursos de educação profissional;
        II - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior; e
        III - cursos de formação continuada promovidos por instituições credenciadas por secretarias de
educação.
         § 1
o
  A  formação  do  instrutor  de  Libras  pode  ser  realizada  também  por  organizações  da
sociedade  civil  representativa  da  comunidade  surda,  desde  que  o  certificado  seja  convalidado  por
pelo menos uma das instituições referidas nos incisos II e III.
        § 2
o
 As pessoas surdas terão prioridade nos cursos de formação previstos no caput.
         Art. 7
o
  Nos  próximos  dez  anos,  a  partir  da  publicação  deste  Decreto,  caso  não  haja  docente
com título de pós-graduação ou de graduação em Libras para o ensino dessa disciplina em cursos de
educação  superior,  ela  poderá  ser  ministrada  por  profissionais  que  apresentem  pelo  menos  um  dos
seguintes perfis:
         I - professor  de  Libras,  usuário  dessa  língua  com  curso  de  pós-graduação  ou  com  formação
superior e certificado de proficiência em Libras, obtido por meio de exame promovido pelo Ministério
da Educação; 
         II - instrutor  de  Libras,  usuário  dessa  língua  com  formação  de  nível  médio  e  com  certificado
obtido por meio de exame de proficiência em Libras, promovido pelo Ministério da Educação;
         III - professor  ouvinte  bilíngüe:  Libras - Língua  Portuguesa,  com  pós-graduação  ou  formação
superior  e  com  certificado  obtido  por  meio  de  exame  de  proficiência  em  Libras,  promovido  pelo
Ministério da Educação.
        § 1
o
  Nos casos previstos nos incisos I e II, as pessoas surdas terão prioridade para ministrar a
disciplina de Libras.
        § 2
o
  A partir de um ano da publicação deste Decreto, os sistemas e as instituições de ensino da
educação  básica  e  as  de  educação  superior  devem  incluir  o  professor  de  Libras  em  seu  quadro  do
magistério.
        Art. 8
o
  O exame de proficiência em Libras, referido no art. 7
o
, deve avaliar a fluência no uso, o
conhecimento e a competência para o ensino dessa língua.
         § 1
o
  O  exame  de  proficiência  em  Libras  deve  ser  promovido,  anualmente,  pelo  Ministério  da
Educação e instituições de educação superior por ele credenciadas para essa finalidade.

  52
         § 2
o
  A certificação de proficiência  em Libras habilitará o instrutor ou o professor para a função
docente.
         § 3
o
  O  exame  de  proficiência  em  Libras  deve  ser  realizado  por  banca  examinadora  de  amplo
conhecimento  em  Libras,  constituída  por  docentes  surdos  e  lingüistas  de  instituições  de  educação
superior.
         Art. 9
o
  A  partir  da  publicação  deste  Decreto,  as  instituições  de  ensino  médio  que  oferecem
cursos de formação para o magistério na modalidade normal e as instituições de educação superior
que  oferecem  cursos  de  Fonoaudiologia  ou  de  formação  de  professores  devem  incluir  Libras  como
disciplina curricular, nos seguintes prazos e percentuais mínimos:
        I -  até três anos, em vinte por cento dos cursos da instituição;
        II -  até cinco anos, em sessenta por cento dos cursos da instituição;
        III -  até sete anos, em oitenta por cento dos cursos da instituição; e
        IV -  dez anos, em cem por cento dos cursos da instituição.
        Parágrafo único.  O processo de inclusão da Libras como disciplina curricular deve iniciar-se nos
cursos  de  Educação  Especial,  Fonoaudiologia,  Pedagogia  e  Letras,  ampliando-se  progressivamente
para as demais licenciaturas.
         Art. 10.  As  instituições  de  educação  superior  devem  incluir  a  Libras  como  objeto  de  ensino,
pesquisa e extensão nos cursos de formação de professores para a educação básica, nos cursos de
Fonoaudiologia e nos cursos de Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.
        Art. 11.  O Ministério da Educação promoverá, a partir da publicação deste Decreto, programas
específicos para a criação de cursos de graduação:
         I - para  formação  de  professores  surdos  e  ouvintes,  para  a  educação  infantil  e  anos  iniciais  do
ensino  fundamental,  que  viabilize  a  educação  bilíngüe:  Libras - Língua  Portuguesa  como  segunda
língua;
         II - de  licenciatura  em  Letras:  Libras  ou  em  Letras:  Libras/Língua  Portuguesa,  como  segunda
língua para surdos;
        III - de formação em Tradução e Interpretação de Libras - Língua Portuguesa.
         Art. 12.  As  instituições  de  educação  superior,  principalmente  as  que  ofertam  cursos  de
Educação Especial, Pedagogia e Letras, devem viabilizar cursos de pós-graduação para a formação
de professores para o ensino de Libras e sua interpretação, a partir de um ano da publicação deste
Decreto. 
         Art. 13.  O  ensino  da  modalidade  escrita  da  Língua  Portuguesa,  como  segunda  língua  para
pessoas surdas, deve ser incluído como disciplina curricular nos cursos de formação de professores
para  a  educação  infantil  e  para  os  anos  iniciais  do  ensino  fundamental,  de  nível  médio  e  superior,
bem como nos cursos de licenciatura em Letras com habilitação em Língua Portuguesa.
        Parágrafo único.  O tema sobre a modalidade escrita da língua portuguesa para surdos deve ser
incluído como conteúdo nos cursos de Fonoaudiologia.



  53
CAPÍTULO IV
DO USO E DA DIFUSÃO DA LIBRAS E DA LÍNGUA PORTUGUESA PARA O ACESSO DAS
PESSOAS SURDAS À EDUCAÇÃO
        Art. 14.  As instituições federais de ensino devem garantir, obrigatoriamente, às pessoas surdas
acesso  à  comunicação,  à  informação  e  à  educação  nos  processos  seletivos,  nas  atividades  e  nos
conteúdos curriculares desenvolvidos em todos os níveis, etapas e modalidades de educação, desde
a educação infantil até à superior.
         § 1
o
  Para  garantir  o  atendimento  educacional  especializado  e  o  acesso  previsto  no caput,  as
instituições federais de ensino devem:
        I -  promover cursos de formação de professores para:
        a) o ensino e uso da Libras;
        b) a tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa; e
        c) o ensino da Língua Portuguesa, como segunda língua para pessoas surdas;
        II - ofertar, obrigatoriamente, desde a educação infantil, o ensino da Libras e também da Língua
Portuguesa, como segunda língua para alunos surdos;
        III - prover as escolas com:
        a) professor de Libras ou instrutor de Libras;
        b) tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa;
        c) professor para o ensino de Língua Portuguesa como segunda língua para pessoas surdas; e
         d) professor  regente  de  classe  com  conhecimento  acerca  da  singularidade  lingüística
manifestada pelos alunos surdos;
        IV - garantir o atendimento às necessidades educacionais especiais de alunos surdos, desde  a
educação  infantil,  nas  salas  de  aula  e,  também,  em salas  de  recursos,  em  turno  contrário  ao  da
escolarização;
         V - apoiar,  na  comunidade  escolar,  o  uso  e a  difusão  de  Libras  entre  professores,  alunos,
funcionários, direção da escola e familiares, inclusive por meio da oferta de cursos;
         VI - adotar  mecanismos  de  avaliação  coerentes  com  aprendizado  de  segunda  língua,  na
correção  das  provas  escritas,  valorizando  o  aspecto  semântico  e  reconhecendo  a  singularidade
lingüística manifestada no aspecto formal da Língua Portuguesa;
         VII - desenvolver  e  adotar  mecanismos  alternativos  para  a  avaliação  de  conhecimentos
expressos em Libras, desde que devidamente registrados em vídeo ou em outros meios eletrônicos e
tecnológicos;
         VIII - disponibilizar  equipamentos,  acesso às  novas  tecnologias  de  informação  e  comunicação,
bem como recursos didáticos para apoiar a educação de alunos surdos ou com deficiência auditiva.
        § 2
o
  O professor da educação básica, bilíngüe, aprovado em exame de proficiência em tradução
e  interpretação  de  Libras - Língua  Portuguesa,  pode  exercer  a  função  de  tradutor  e  intérprete  de
Libras - Língua Portuguesa, cuja função é distinta da função de professor docente.

  54
        § 3
o
  As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e
do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
atendimento educacional especializado aos alunos surdos ou com deficiência auditiva. 
        Art. 15.  Para complementar o currículo da base nacional comum, o ensino de Libras e o ensino
da  modalidade  escrita  da  Língua  Portuguesa,  como  segunda  língua  para  alunos  surdos,  devem  ser
ministrados em uma perspectiva dialógica, funcional e instrumental, como:
         I - atividades  ou  complementação  curricular  específica  na  educação  infantil  e  anos  iniciais  do
ensino fundamental; e
        II - áreas de conhecimento, como disciplinas curriculares, nos anos finais do ensino fundamental,
no ensino médio e na educação superior.
         Art. 16.  A  modalidade  oral  da  Língua  Portuguesa,  na  educação  básica,  deve  ser  ofertada  aos
alunos  surdos  ou  com  deficiência  auditiva,  preferencialmente  em  turno  distinto  ao  da  escolarização,
por  meio  de  ações  integradas  entre  as  áreas  da  saúde  e  da  educação,  resguardado  o  direito  de
opção da família ou do próprio aluno por essa modalidade.
         Parágrafo único.  A definição  de espaço para o  desenvolvimento da modalidade oral da Língua
Portuguesa e a definição dos profissionais de Fonoaudiologia para atuação com alunos da educação
básica são de competência dos órgãos que possuam estas atribuições nas unidades federadas.
CAPÍTULO V
DA FORMAÇÃO DO TRADUTOR E INTÉRPRETE DE LIBRAS - LÍNGUA PORTUGUESA
        Art. 17.  A formação do tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa deve efetivar-se por
meio de curso superior de Tradução e Interpretação, com habilitação em Libras - Língua Portuguesa.
        Art. 18.  Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, a formação de tradutor e
intérprete de Libras - Língua Portuguesa, em nível médio, deve ser realizada por meio de:
        I - cursos de educação profissional;
        II - cursos de extensão universitária; e
        III - cursos de formação continuada promovidos por instituições de ensino superior e instituições
credenciadas por secretarias de educação.
         Parágrafo único.  A  formação  de  tradutor  e  intérprete  de  Libras  pode  ser  realizada  por
organizações  da  sociedade  civil  representativas  da comunidade  surda,  desde  que  o  certificado  seja
convalidado por uma das instituições referidas no inciso III.
         Art. 19.  Nos  próximos  dez  anos,  a  partir  da  publicação  deste  Decreto,  caso  não  haja  pessoas
com  a  titulação  exigida  para  o  exercício  da  tradução  e  interpretação  de  Libras - Língua  Portuguesa,
as instituições federais de ensino devem incluir, em seus quadros, profissionais com o seguinte perfil:
        I - profissional ouvinte, de nível superior, com competência e fluência  em Libras para realizar a
interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de
proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação em instituições de ensino médio e
de educação superior;
         II - profissional  ouvinte,  de  nível  médio, com  competência  e  fluência  em  Libras  para  realizar a
interpretação das duas línguas, de maneira simultânea e consecutiva, e com aprovação em exame de
proficiência, promovido pelo Ministério da Educação, para atuação no ensino fundamental;

  55
         III - profissional  surdo,  com  competência  para  realizar  a  interpretação  de  línguas  de  sinais  de
outros países para a Libras, para atuação em cursos e eventos.
         Parágrafo único.  As  instituições  privadas  e  as  públicas  dos  sistemas  de  ensino  federal,
estadual,  municipal  e  do  Distrito  Federal  buscarão implementar  as  medidas  referidas  neste  artigo
como meio de assegurar aos alunos surdos  ou com deficiência auditiva  o acesso à comunicação,  à
informação e à educação.
        Art. 20.  Nos próximos dez anos, a partir da publicação deste Decreto, o Ministério da Educação
ou instituições de ensino superior por ele credenciadas para essa finalidade promoverão, anualmente,
exame nacional de proficiência em tradução e interpretação de Libras - Língua Portuguesa.
         Parágrafo único.  O  exame  de  proficiência  em  tradução  e  interpretação  de  Libras - Língua
Portuguesa  deve  ser  realizado  por  banca  examinadora  de  amplo  conhecimento  dessa  função,
constituída  por  docentes  surdos,  lingüistas  e  tradutores  e  intérpretes  de  Libras  de  instituições  de
educação superior.
         Art. 21.  A  partir  de  um  ano  da  publicação deste  Decreto,  as  instituições  federais  de  ensino  da
educação básica e da educação superior devem incluir, em seus quadros, em todos os níveis, etapas
e  modalidades,  o  tradutor  e  intérprete  de  Libras - Língua  Portuguesa,  para  viabilizar  o  acesso  à
comunicação, à informação e à educação de alunos surdos.
        § 1
o
 O profissional a que se refere o caput atuará:
        I - nos processos seletivos para cursos na instituição de ensino;
         II - nas  salas  de  aula  para  viabilizar  o  acesso  dos  alunos  aos  conhecimentos  e  conteúdos
curriculares, em todas as atividades didático-pedagógicas; e
        III - no apoio à acessibilidade aos serviços e às atividades-fim da instituição de ensino.
        § 2
o
  As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e
do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
CAPÍTULO VI
DA GARANTIA DO DIREITO À EDUCAÇÃO DAS PESSOAS SURDAS OU COM DEFICIÊNCIA
AUDITIVA
        Art. 22.  As  instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a
inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de:
        I - escolas e classes de educação bilíngüe, abertas a alunos surdos e ouvintes, com professores
bilíngües, na educação infantil e nos anos iniciais do ensino fundamental;
         II - escolas  bilíngües  ou  escolas  comuns  da  rede  regular  de  ensino,  abertas  a  alunos  surdos  e
ouvintes,  para  os  anos  finais  do  ensino  fundamental,  ensino  médio  ou  educação  profissional,  com
docentes  das  diferentes  áreas  do  conhecimento,  cientes  da  singularidade  lingüística  dos  alunos
surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa.
         § 1
o
  São  denominadas  escolas  ou  classes  de  educação  bilíngüe  aquelas  em  que  a  Libras  e  a
modalidade  escrita  da  Língua  Portuguesa  sejam  línguas  de  instrução  utilizadas  no  desenvolvimento
de todo o processo educativo.

  56
         § 2
o
  Os  alunos  têm  o  direito  à  escolarização  em  um  turno  diferenciado  ao  do  atendimento
educacional especializado  para o  desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de
equipamentos e tecnologias de informação.
         § 3
o
  As  mudanças  decorrentes  da  implementação  dos  incisos  I  e  II  implicam  a  formalização,
pelos pais e pelos próprios alunos, de sua opção ou preferência pela educação sem o uso de Libras.
        § 4
o
  O disposto no § 2
o
 deste artigo deve ser garantido também para os alunos não usuários da
Libras.
        Art. 23.  As instituições federais de ensino, de educação básica e superior, devem proporcionar
aos alunos surdos os serviços de tradutor e intérprete de Libras - Língua Portuguesa em sala de aula
e em outros espaços educacionais, bem como equipamentos e tecnologias que viabilizem o acesso à
comunicação, à informação e à educação.
         § 1
o
  Deve  ser  proporcionado  aos  professores  acesso  à  literatura  e  informações  sobre  a
especificidade lingüística do aluno surdo.
        § 2
o
  As instituições privadas e as públicas dos sistemas de ensino federal, estadual, municipal e
do Distrito Federal buscarão implementar as medidas referidas neste artigo como meio de assegurar
aos alunos surdos ou com deficiência auditiva o acesso à comunicação, à informação e à educação. 
         Art. 24.  A  programação  visual  dos  cursos  de  nível  médio  e  superior,  preferencialmente  os  de
formação  de  professores,  na  modalidade  de  educação  a  distância,  deve  dispor  de  sistemas  de
acesso  à  informação  como  janela  com  tradutor  e  intérprete  de  Libras  -  Língua  Portuguesa  e
subtitulação por meio do sistema de legenda oculta, de modo a reproduzir as mensagens veiculadas
às pessoas surdas, conforme prevê o Decreto n
o
 5.296, de 2 de dezembro de 2004.
CAPÍTULO VII
DA GARANTIA DO DIREITO À SAÚDE DAS PESSOAS SURDAS OU
COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA
        Art. 25.  A partir de um ano da publicação deste Decreto, o Sistema Único de Saúde - SUS e as
empresas  que  detêm  concessão  ou  permissão  de  serviços  públicos  de  assistência  à  saúde,  na
perspectiva da inclusão plena das pessoas surdas ou com deficiência auditiva em todas as esferas da
vida  social,  devem  garantir,  prioritariamente  aos  alunos  matriculados  nas  redes  de  ensino  da
educação  básica,  a  atenção  integral  à  sua  saúde,  nos  diversos  níveis  de  complexidade  e
especialidades médicas, efetivando:
        I - ações de prevenção e desenvolvimento de programas de saúde auditiva;
        II - tratamento clínico e atendimento especializado, respeitando as especificidades de cada caso;
         III - realização  de  diagnóstico,  atendimento  precoce  e  do  encaminhamento  para  a  área  de
educação;
        IV - seleção, adaptação e fornecimento de prótese auditiva ou aparelho de amplificação sonora,
quando indicado;
        V - acompanhamento médico e fonoaudiológico e terapia fonoaudiológica;
        VI -  atendimento em reabilitação por equipe multiprofissional;

  57
        VII - atendimento fonoaudiológico às crianças, adolescentes e jovens matriculados na educação
básica,  por  meio  de  ações  integradas  com  a  área  da educação,  de  acordo  com  as  necessidades
terapêuticas do aluno;
        VIII  - orientações à família sobre as implicações da surdez e sobre a importância para a criança
com perda auditiva ter, desde seu nascimento, acesso à Libras e à Língua Portuguesa;
         IX - atendimento  às  pessoas  surdas  ou  com  deficiência  auditiva  na  rede  de  serviços  do  SUS  e
das empresas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos de assistência à saúde, por
profissionais capacitados para o uso de Libras ou para sua tradução e interpretação; e
        X - apoio à capacitação e formação de profissionais da rede de serviços do SUS para o uso de
Libras e sua tradução e interpretação.
         § 1
o
  O  disposto  neste  artigo  deve  ser  garantido  também  para  os  alunos  surdos  ou  com
deficiência auditiva não usuários da Libras.
         § 2
o
  O  Poder  Público,  os  órgãos  da  administração  pública  estadual,  municipal,  do  Distrito
Federal  e  as  empresas  privadas  que  detêm  autorização,  concessão  ou  permissão  de  serviços
públicos  de  assistência  à  saúde  buscarão  implementar  as  medidas  referidas  no  art.  3
o
  da  Lei  n
o

10.436,  de  2002,  como  meio  de  assegurar,  prioritariamente,  aos  alunos  surdos  ou  com  deficiência
auditiva matriculados nas redes de ensino da educação básica, a atenção integral à sua saúde, nos
diversos níveis de complexidade e especialidades médicas.
CAPÍTULO VIII
DO PAPEL DO PODER PÚBLICO E DAS EMPRESAS QUE DETÊM CONCESSÃO OU PERMISSÃO
DE SERVIÇOS PÚBLICOS, NO APOIO AO USO E DIFUSÃO DA LIBRAS
         Art. 26.  A  partir  de  um  ano  da  publicação  deste  Decreto,  o  Poder  Público,  as  empresas
concessionárias  de  serviços  públicos  e  os  órgãos  da  administração  pública  federal,  direta  e  indireta
devem garantir às pessoas surdas o tratamento diferenciado, por meio do uso e difusão de Libras e
da  tradução  e  interpretação  de  Libras - Língua  Portuguesa,  realizados  por  servidores  e  empregados
capacitados para essa função, bem como o acesso às tecnologias de informação, conforme prevê o
Decreto no 5.296, de 2004.
         § 1
o
  As  instituições  de  que  trata  o caput  devem  dispor  de,  pelo  menos,  cinco  por  cento  de
servidores, funcionários e empregados capacitados para o uso e interpretação da Libras.
         § 2
o
  O  Poder  Público,  os  órgãos  da  administração  pública  estadual,  municipal  e  do  Distrito
Federal, e as empresas privadas que detêm concessão ou permissão de serviços públicos buscarão
implementar  as medidas  referidas  neste  artigo  como meio  de  assegurar  às  pessoas  surdas  ou  com
deficiência auditiva o tratamento diferenciado, previsto no caput.
        Art. 27.  No âmbito da administração pública federal, direta e indireta, bem como das empresas
que  detêm  concessão  e  permissão  de  serviços  públicos  federais,  os  serviços  prestados  por
servidores  e  empregados  capacitados  para  utilizar  a  Libras  e  realizar  a  tradução  e  interpretação  de
Libras -  Língua  Portuguesa  estão  sujeitos  a  padrões  de  controle  de  atendimento  e  a  avaliação  da
satisfação  do  usuário  dos  serviços  públicos,  sob  a coordenação  da  Secretaria  de  Gestão  do
Ministério do  Planejamento, Orçamento e Gestão, em conformidade com o Decreto no 3.507,  de  13
de junho de 2000.
         Parágrafo único.  Caberá  à  administração  pública  no  âmbito  estadual,  municipal  e  do  Distrito
Federal  disciplinar,  em  regulamento  próprio,  os  padrões  de  controle  do  atendimento  e  avaliação  da
satisfação do usuário dos serviços públicos, referido no caput.


  58
CAPÍTULO IX
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS
         Art. 28.  Os  órgãos  da  administração  pública  federal,  direta  e  indireta,  devem  incluir  em  seus
orçamentos  anuais  e  plurianuais  dotações  destinadas  a  viabilizar  ações  previstas  neste  Decreto,
prioritariamente  as  relativas  à  formação,  capacitação  e  qualificação  de  professores,  servidores  e
empregados  para  o  uso  e  difusão  da  Libras  e  à  realização  da  tradução  e  interpretação  de  Libras  -
Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
         Art. 29.  O  Distrito  Federal,  os  Estados  e  os  Municípios,  no  âmbito  de  suas  competências,
definirão os instrumentos para a efetiva implantação e o controle do uso e difusão de Libras e de sua
tradução e interpretação, referidos nos dispositivos deste Decreto.
         Art. 30.  Os  órgãos  da  administração  pública  estadual,  municipal  e  do  Distrito  Federal,  direta  e
indireta, viabilizarão as ações previstas neste Decreto com dotações específicas em seus orçamentos
anuais  e  plurianuais,  prioritariamente  as  relativas  à  formação,  capacitação  e  qualificação  de
professores,  servidores  e  empregados  para  o  uso  e  difusão  da  Libras  e  à  realização  da  tradução  e
interpretação de Libras - Língua Portuguesa, a partir de um ano da publicação deste Decreto.
        Art. 31. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
        Brasília, 22 de dezembro de 2005; 184
o
 da Independência e 117
o
 da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Fernando Haddad
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5626.htm



  59
Finalizando...



Ufaa...Concluímos mais uma etapa e para finalizar propomos um debate sobre
o uso da língua de sinais no momento atual. Alguns encaminhamentos são:

  Onde  tem  sido  “falada”  a  língua  de  sinais  hoje?(nas  escolas,  nos  lares,  nas
igrejas,  nos  programas  televisivos,  nas  associações  de  surdos,  nos  debates
políticos?)
  Onde  encontramos  os  intérpretes  da  libras?  (nas  escolas,  nas  repartições
públicas, nos hospitais, na tv?)
  Onde encontramos o Professor Surdo?
  As leis tem sido cumpridas nos lugares que você tem acesso?

Esperamos  que  o  curso  tenha  sido  prazeroso  e  útil  à  vida  de  cada  um,
aprender  uma  segunda  língua  significa  também  se  abrir  a  outras  culturas,  outros
modos de viver e ver o mundo.

Mas não esqueça, ainda há muitas novidades pela frente no curso III. 

Agradecemos pela convivência e até o próximo curso












  60
Referências Bibliográficas


FELIPE, Tanya A; MONTEIRO, Myrna S. Libras em Contexto: curso básico, livro do
professor instrutor – Brasília : Programa Nacional de Apoio à Educação dos Surdos,
MEC: SEESP, 2001.

BRITO, Lucinda Ferreira. Por  uma  gramática  de  línguas  de  sinais. Rio de Janeiro:
Tempo Brasileiro: UFRJ, Departamento de Lingüística e Filologia, 1995.

QUADROS,  Ronice  Muller  de;  KARNOPP,  Lodenir  Becker.  Língua  de  sinais
brasileira: estudos lingüísticos. Porto Alegre : Artmed, 2004.

VASCONCELOS, Silvana Patrícia; SANTOS, Fabrícia da Silva; SOUZA, Gláucia Rosa
da. LIBRAS:  língua  de  sinais.  Nível  1.  AJA  -  Brasília  :  Programa  Nacional  de
Direitos Humanos. Ministério da Justiça / Secretaria de Estado dos Direitos Humanos
CORDE.